segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"PRAZER", do Luna Lunera ou "UMA APRENDIZAGEM DO TEATRO CONTEMPORÂNEO"


Há espetáculos a que assistimos, mas não encontramos tempo de escrever a respeito. Há também que não despertam qualquer vontade de escrever. E há outros a que à delícia do encontro junta-se um pedaço de madrugada livre para anotações e aí o texto acontece. Foi assim com Prazer. 
Abaixo, alguns escritos irresponsáveis.


Cena de Prazer
(Foto: Lenise Pinheiro)


Em duas temporadas no CCBB de São Paulo, o grupo mineiro Luna Lunera traz ao cartaz seu mais recente espetáculo, Prazer. Fruto de uma criação em processo a partir da literatura, desta vez toma a obra de Clarice Lispector como referência – em Aqueles dois, criação anterior, um conto de Caio Fernando Abreu fora o detonador da cena.

É basicamente um recorte na história de quatro amigos que a vida tratou de separar fisicamente ou não e que, certo dia, reencontram-se fora de seu território, aproveitando o confinamento a que estão submetidos para retomar questões, revelarem segredos e reafirmarem laços. Mais não digo, para não impor o meu ponto de vista sobre o trabalho, atrapalhando futuras apreciações.

São três atores e uma atriz, num espaço à italiana, sem a quebra da quarta parede. Há uma fábula perfeitamente compreensível, personagens definidos, começo-meio-fim, conflitos, saltos qualitativos e quantitativos, linha de ação direta e, para completar, um final coerente com todas as ações anteriores. Uma dramaturgia que tece aos poucos e d e forma inteligente o enredamento dos fios de cada um. Honram a fonte ao abordar angústias existenciais, desconfortos de alma e problemas de relacionamento entre o feminino e o masculino. Em suma, tem absolutamente todos os ingredientes de um drama convencional, porém o grupo transforma todo esse material em plataforma de lançamento para uma dramaturgia e uma encenação alcançarem esferas muito além da forma dramática. Isso é conseguido por meio de recursos próprios do teatro contemporâneo: fragmentação, variação-repetição, hibridismo de linguagens, novos tratamentos para as noções de tempo e espaço são apenas alguns deles.

A certa altura do espetáculo um dos personagens afirma que onde quer que a gente vá, leva a si mesmo junto. Não há como fugir, nem como se perder, estamos condenados à nossa companhia. Dentre as inúmeras entradas possíveis para uma análise do espetáculo, escolhi essa. Parece-me apropriada a um espectador contemporâneo, convidado a ser um co-criador da cena: não tendo feito parte do processo, ele também só tem a si mesmo, às suas referências, ao seu repertório, enfim, para estabelecer relação com a obra e, a partir disso, construí-la ao mesmo tempo em que a assiste.




Cláudio Dias e Isabela Paes
(Foto: Lenise Pinheiro)


Começo a escavar o alicerce dessa construção de sentido pelos meus 15 anos, idade em que assisti ao primeiro espetáculo de teatro adulto: a eficiente comédia O dia em que raptaram o papa, do carioca João Bitencourt. Dentre as coisas de que me lembro – e que ligaram-se de imediato ao novo trabalho do Luna Lunera – estão uma torneira que vertia água e personagens comendo de verdade em cena. Mas que abismo separa essas duas ocorrências!

Naquele, o naturalismo assumido como verdade: é preciso convencer o público de que isto é uma cozinha, e logo ali está a sala com seu sofá e seus abajures, a sua janela que abre e que revela um jardim, e assim por diante. Neste, o naturalismo teatral sofre tamanha releitura, que chega a tangenciar o naturalismo na própria vida com seus simulacros de amor, alegria, amizade, prazer. Muitas falas parecem brotar na hora, num improviso dos atores, tamanha a coloquialidade e a prontidão com que são enunciadas. Fala-se com naturalidade de sentimentos que não estão claros. Por vezes descobrem o que sentem na medida em que enunciam o espanto. Descobrem modos de driblar a fatalidade, arriscam-se a um naturalismo que possa salvá-los da complexidade e do desconforto que é existir. Tais falas contrastam, porém, com as citações de Clarice e é justamente quando parecem não falam por si próprios que os personagens mais se revelam e à sua verdade.

Um detalhe processual: na comédia de João Bitencourt, a comida foi trazida pronta para a cena. Aqui, o que se comeu foi misturado e amassado na hora, levado ao forno e assado no tempo que levam algumas descobertas dos personagens. Se a peça pronta levara ao espetáculo, hoje ele se estabelece no misturar e amassar diários dos ensaios, e sua assadura e consumo fazem-se diante do público e, de certo modo, com ele. A água da torneira dos anos 1980 era apenas uma demonstração dos recursos da produção, pois totalmente dispensável à fruição da obra. Os canos de 2012 vertem água que lava, purifica e, quem sabe, faz renascer novos eus dentro dos velhos conhecidos.

Lembro também, na montagem de mais de 30 anos atrás – para aquele tipo de proposta falava-se em “montagem” da “peça” (texto), hoje falamos de criação em processo, já que a “peça”, muitas vezes, nunca chega a se constituir plenamente – lembro da marcação cênica com suas entradas e saídas estratégicas que geravam o riso. Havia duas ou três portas, levando à “rua” ou às dependências internas da “casa”, facilitando perseguições, esconderijos e fugas dos personagens. Lembro-me também da perfeita adequação entre texto e corpo, ou seja, os intérpretes esmeravam-se em fazer corresponder suas falas aos gestos e expressões. No espetáculo desta noite os atores ora correm das palavras, ora fogem delas pelo lado oposto, atiram-nas aos demais; gritam ou segredam em passos de dança, em perseguições, num desconforto entre a alma que quer e precisa expressar-se e o corpo que ora a contém, ora não consegue evitar que ela se derrame. Tudo num espaço sem uma porta sequer, e que, no entanto, permite que os amigos estejam em casa, num avião ou mesmo à beira mar.

À claridade e ao espaço cênico gigantesco da comédia de minha adolescência – quando eu ainda não conhecia Clarice Lispector, nem tinha a necessidade de – vem contrapor-se o claustro permanentemente na penumbra do espetáculo desta noite, metáfora do espaço interno de cada um, os escuros de dentro, em que personagens se amam e se debatem, sendo um só, embora sejam tantos.




Odilon Esteves
(Foto: Lenise Pinheiro)


Continuando as escavações, percebo que foi naquela mesma época que tomei contato com um autor que marcou por um bom tempo a minha paixão pela leitura: Fernando Sabino. De suas crônicas publicadas na coleção “Para gostar de ler”, da editora Ática (a mesma da coleção “Vaga-lume”, citada no espetáculo) saltei para seu livro mais famoso: O encontro marcado. Romance de geração e de formação, publicado em 1956, com fortes traços autobiográficos, trata da amizade entre quatro moços e uma moça e dos caminhos percorridos por eles até a idade adulta, quando se reencontram na data estabelecida por um pacto na juventude. Dúvidas existenciais, descoberta da sexualidade, incertezas quanto ao caminho tomado, traições, medos, busca da felicidade e toda uma série de componentes são orquestrados por Sabino que, paralelamente, vai traçando a evolução da cidade de Belo Horizonte.

Foi inevitável não lembrar dele ao ver aqueles três mineiros e uma mineira em cena, num encontro há muito planejado, mas nunca realizado. Um encontro não mais em Belo Horizonte, mas fora do Brasil, território do desconforto. Nenhum deles está confortável em sua própria pele e o lugar que escolheram para viver/estar tampouco os localizam. No entanto, trata-se de um encontro marcado consigo mesmos ou com o que cada um fez de si e, nesse processo, iluminam-se uns aos outros, espelham-se também em busca do próprio ser naquele que não sou eu.
Li praticamente todos os livros de Fernando Sabino, mas hoje avalio sua literatura mais ou menos como avalio O dia em que raptaram o papa: uma satisfação restrita à adolescência.

Tempos depois cheguei a Clarice Lispector, justamente com Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, um de meus livros favoritos da autora, cuja obra permanece vigorosa na memória, cumprindo um dos objetivos principais da arte: conduzir-nos à nossa própria tradução.
Em 2007, o Museu da Língua Portuguesa de São Paulo ofereceu ao público uma exposição em homenagem a Clarice e faço uma ponte entre aquela visita e o espetáculo dos mineiros. A cenografia propunha gaveteiros gigantes, manipuláveis pelos frequentadores, em que estavam guardados textos, objetos e documentos da homenageada. Camuflagens, esconderijos de segredos que surgiam das paredes, tal qual o apartamento/vida dos personagens de Prazer. Inversamente à exposição cenográfica do teatro naturalista, onde o máximo de dados oferecido ao espectador serve a uma decodificação minuciosamente prevista, a proposta do Luna Lunera vem tratar, além de todas as implicações simbólicas, da compactação e da repartição da vida em nichos. Num está guardada a sociabilidade, em outro os segredos, em outro as emoções, sendo abertos ou fechados conforme pede a situação.
No caso do espetáculo, são paredes que limitam, enclausuram, mas que também podem servir como suporte para a expressão, permitindo-se ser apagadas e lavadas, e novamente receber escritos, projeções. Podem ser metáforas do que somos – quadros negros em que se inscrevem, por várias mãos, as impressões da nossa história. Algumas ficam, outras se sobrepõem, outras somem. Apenas o quadro-caráter permanece.




Marcelo Souza e Silva, Cláudio Dias e Isabela Paes
(Foto: Lenise Pinheiro)


E por falar em caráter, o grupo investe mais uma vez nas relações humanas. Boa parte do teatro põe em causa justamente isso, mas é possível fazê-lo dos mais diferentes modos. O Luna Lunera tem direcionado o foco para esse tema, abordando a família, a homoafetividade, e agora a amizade. Para os espectadores que transitam minimamente pelos escritos de Clarice é possível identificar uma ou outra passagem de seus textos. Para os que desconhecem, talvez sobressaiam momentos de poesia, uma composição de texto diferente do coloquialismo usual dos personagens, constituindo-se como janelas de onde pode-se ver um pouco o lá fora, água que lava e refresca, cheiro do pão de queijo que desperta o desejo e alimenta, champanhe que destrava a língua e o coração.

O grupo parece ter arrastado para este espetáculo um pouco de tudo o que fez, aprendeu e assistiu em suas viagens pelo Brasil e fora dele. Parece óbvio dizer isso, afinal são onze anos de trajetória e é esperado que as experiências tenham desdobramentos. Acontece que nesse novo trabalho é perceptível um salto em termos conceituais. Mesmo apresentando uma fábula perfeitamente compreensível e personagens com uma trajetória definida, além dos outros aspectos já citados, a predisposição ao relacionamento teatro-música-dança-arte digital amplia e intensifica a busca performativa da equipe e exige a colaboração do espectador, que agora tem mais elementos com que elaborar a sua leitura.
Para mim, é como se o grupo tivesse virado gente grande, embora mantendo o prazer do jogo. Como se tivesse virado outro, permanecendo o mesmo.




Vista geral do espetáculo
(Foto: Lenise Pinheiro)



Serviço:

Centro Cultural Banco do Brasil - SP

Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - SP

Fones: 11 3113-3651/52


11 de janeiro a 10 de fevereiro

Sexta 20h, sábado 17h e 20h, domingo 19h

R$ 6 (inteira) R$ 3 (meia-entrada)







Adélia Nicolete
17/12/2012


domingo, 16 de dezembro de 2012

Texto de Rafael Michalichem




Maria do Carmo Freitas - Inventário dos achados - 2004
mesa com objetos - 60x100cm
(Foto: Adriana Moura)


Três! Já é o terceiro esta semana! Quem imaginaria que nesta vastidão horizontal e vertical houvesse tantas relíquias silenciosas aguardando. Sonolentas, as marcas dessa vida ancestral estão bem aqui, em minha frente, enquanto anoto a minha excitação. Talvez mais milhões de outros sob meus pés, criando vida em camadas de terra de eras diversas. Será que cada metro que escavo possui uma história diversa de vida e de morte, de tantos seres inimagináveis, de um tempo do qual não há registro? Três! Já são três deles e não me canso de procurar. Por mim, pego minhas ferramentas e volto agora para o terreno árido do sítio, passo as noites lá fora, sigo cuidadoso, silencioso e nem por isso menos excitado escavando vasos, fósseis, ossos... que mais há aqui embaixo? Que virá amanhã?


(Rafael Michalichem  é aluno do Curso de Teatro da UFU e escreveu esse trecho de diário a partir da apreciação individual e coletiva de uma obra de Maria do Carmo Freitas)


A imagem utilizada nesta postagem encontra-se no livro:
FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004. p. 4.




Texto de Leandro Sousa Alves



Maria do Carmo Freitas - Caligrafia IV - 1993
litografia em pedra - 32x43cm


Ontem fui dormir com sol queimando o meu rosto, acordei na mesma posição, no mesmo lugar, com o sol queimando o meu rosto. O verão aqui parece o inferno, já não posso mais continuar esperando a minha vida passar diante dos meus olhos. O tempo congelou: não cheguei aos 15 anos e minha pele já parece a de minha avó. Hoje será o último dia que escrevo daqui, estou a caminho do sul para tentar viver, construir...
Amanhã continuo minha saga.


(Leandro Sousa Alves é aluno do Curso de Teatro da UFU e escreveu esse trecho de diário a partir da apreciação individual e coletiva de uma obra de Maria do Carmo Freitas)


A imagem utilizada nesta postagem encontra-se no livro:
FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004. p. 4.






sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Texto de Mara Leal



Maria do Carmo Freitas - Capítulo III, Lição 7ª - 1987
nanquim, colagem - 126x92,5cm
(Foto: Adriana Moura)


Acordei bem cedo hoje, antes do sol nascer. Senti um vento frio passando pela fresta da janela... preciso mandar consertar antes que o inverno chegue. Mas não foi isso que me acordou: foi um som, era um ruído, ao longe, mas bem intenso, que me assustou. Depois que acordei percebi que era meu vizinho, aquele que tem a cara desbotada, partindo a lenha a machadadas. Com certeza já deve estar fazendo o estoque, mas precisava começar tão cedo?! Passei o dia como se houvessem pedras batendo dentro da minha cabeça. 

J. 03.11.1950.


(Mara Leal é professora do Curso de Teatro da UFU e escreveu esse trecho de diário a partir da apreciação individual e coletiva de uma obra de Maria do Carmo Freitas)


A imagem utilizada nesta postagem encontra-se no livro:
FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004.




Texto de Débora Helena




Maria do Carmo Freitas - O abacaxi - 1997
Photoetching, colagem s/ papel artesanal, folha de ouro, nanquim - 280x80cm
(Foto: Luiz Felipe Cabral)

28/11/2012

Eu, hoje, estava contemplando, de longe, o moinho de vento do parque da saudade quando aconteceu um fenômeno impressionante: todo o verde ao redor do enorme moinho foi invadido por um pequeno tornado que repentinamente se formou. O moinho desapareceu. A única imagem que prevalecia era a da terra abraçando o ar, deixando amarronzado o azul do dia.


(Débora Helena é aluna do 5º período do Curso de Teatro  - Licenciatura - na Universidade Federal de Uberlândia. A proposta de escrita foi uma página de diário, a partir da apreciação individual e coletiva de uma obra de Maria do Carmo Freitas.)


A imagem utilizada nesta postagem encontra-se no livro:
FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004. p. 4.



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ateliê de Dramaturgia da UFU


Convidada pela professora Vilma Campos dos Santos Leite, coordenadora do Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia, ministrei uma palestra junto ao "Programa Ateliê em Artes Cênicas: produção, extensão e difusão cultural", dirigido pelo professor Fernando Aleixo. O tema da palestra foi o projeto dos Ateliês de Dramaturgia o que permitiu, além da abordagem teórica, uma vivência de escrita com o público, que ora compartilho.

Por tratar-se de uma universidade mineira, busquei entre os artistas visuais da região algum que pudesse basear o nosso trabalho prático e a escolha recaiu sobre Maria do Carmo Freitas. Natural de Belo Horizonte, com mestrado nos Estados Unidos, a professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais é gravurista. Sobre a autora e sua obra, transcrevemos um texto de Walter Sebastião:


Pode-se dizer que o gráfico é o motivo da gravura de Maria do Carmo Freitas. O mundo que ela inventa é o da escrita e reescrita permanente no e do mundo (grafar/gravar, parece lembrar o tempo todo a artista). Para tanto elege um motivo: o texto como imagem. E convoca teóricos da literatura e os escritores para discutir (na verdade constituir) uma poética que, operando com matérias papéis, caligrafias, marcas, impressos, imagens, etc. investiga também suas figurações alegóricas: espaços, memórias, rasuras, culturas, ilustrações. A ação não tem sido na direção de uma delimitação da essência do gráfico, e sim na perspectiva de construir situações em que o gráfico está imbricado de modo literal, alusivo, biográfico, histórico, etc.1


Maria do Carmo Freitas - S/título - 1998
colagem, folha de ouro - 56,5x76cm
(Foto: Adriana Moura)

A obra acima foi  escolhida para a apreciação sem que os participantes soubessem o título ou a autoria. É curioso notar o quanto os dados levantados equivalem ao pretendido pela artista em seu trabalho: 

Sertão, erosão, secura, aridez. Terra, cerâmica, coisas desgastadas pelo tempo, passagem de tempo, ancestralidades.
Deterioração, diferentes texturas, retalhos, fragmentação, camadas sobrepostas, descobertas.
Cadernos antigos, memórias, sagradas escrituras. Pergaminhos, cheiro de coisa velha.
Som de pedra sendo entalhada, de metal, de vento.

Em seguida, foi proposto que os interessados planejassem e escrevessem uma carta, levando em conta alguns elementos da apreciação. O resultado poderá ser conferido nas próximas postagens.


A artista em seu ateliê
(Foto: Adriana Moura)


(Agradeço o convite, a recepção e participação calorosa do grupo e também à paciência  em esperar pelas postagens!)

1SEBASTIÃO, Walter. Apresentação. In: FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004. p. 4.
As imagens utilizadas nesta postagem encontram-se no livro acima citado)