terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um novo homem














- Cachorro! Ela disse e fechou a porta, fechando também as portas do nosso relacionamento.

- Cachorro eu? A fúria tomou conta de mim e foi se transformando rapidamente em tristeza profunda, que por sua vez, tornou-me nostálgico. Estarei eu apaixonado?

Esta torturante tristeza, que martela o meu jovem coração constantemente não me permite mais ver a luz do sol. Passo horas neste quarto escuro e mal cheiroso pensando. Remoendo-me na falta de circulação de ar das janelas fechadas.

Enquanto penso, me delicio ansiosamente com guloseimas engordativas que tanto agridem o meu corpo e bebo o doce veneno caro dos russos, vodca, com frequência. Acredito que esta punição gastronômica seja algo inconsciente. Ou não.

“Morrer, dormir, talvez sonhar.” A leitura me consola em alguns momentos e me permite não enlouquecer.

Ah! Se fosse o homem de antigamente estaria na estrada, em alta velocidade a caminho de um lugar bonito, com pessoas lindas, conversas fúteis, pouco afeto, muita sexualidade e litros de veneno russo. Mas este novo homem não quer sair deste mundo triste que criou. –Quem sabe ela não volta?


(Juliane Pimenta escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Alex)


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Ele gosta mais de comer coisas gostosas, coisas saborosas como: chocolate, hot dog, frutas. Porque comer é bom.

mas o que ele mais detesta é ver a Gisele Bünchen desfilar, ele diz que é um horror.

mas ele gosta, diz que é linda, a Juliana Paes, uma ótima atriz.


ele diz que mais se emociona, sai um rio de lágrimas, quando ele vê crianças com fome, relverando por um pedaço de pão, e estas pessoas não dão; ele diz: são sem coração.

e fez lembrar de uma peça que ele assistiu, afinal ele ama arte, gosta de orquestra, dança, canto, violino tudo de arte principalmente teatro.

uma peça chamada avoar, ele assistiu quando tinha 10 anos, diz que gostou muito.


Quando chegou estava passando horário eleitoral, falando sobre Sarney; ele diz que odeia essas coisas,, desligou a televisão, com o controle na mão; caiu no chão; e despedaçou todinho no chão.

Ele diz também que ele é elegante; gosta de cachorros, tem uma cachorra, dois gatos; 10 periquitos. Diz que e grande.

Ele diz que é estiloso, gosta de vestir roupas de marca boa; mas também disse que não é melhor do que o outro.

Ele diz ainda que ele é um pouco “doidinho”,

mas ele é certo da cabeça;

ele diz por último que gosta de escrever poesias

e poemas sobre Piauí; a cidade onde nasci. Diz Gerônimo da Silva.

Essa foi a entrevista “como vivo”: com Gerônimo da Silva. Até mais tarde.


(E este é o retrato feito em 3ª pessoa, em sala, pelo Alex. Na ocasião, ele pediu para que eu deixasse com ele o livro de Sebastião Salgado, 'Retratos das crianças do Êxodo”. Escrevia enquanto observava dois retratos. Disse que os retratos “olhavam para ele insistentemente”, donde a entrevista é com um daqueles meninos retratados)

Retrato em terceira pessoa



Quando criança, eu gostava muito de ir à igreja na época da páscoa para ver aquela escultura de Cristo lá deitado, morto. Eu achava aquilo interessante, porque ele não ficava dentro de um caixão. Eu gostava muito de ver as pessoas em volta daquela imagem em tamanho quase natural, parecia que todos estavam mesmo velando uma pessoa. Quanto aos ovos de chocolate, eu sempre ganhava. Do tamanho que eu queria.

Hoje eu não vou mais à igreja na sexta-feira santa.

Não gosto de pintar as minhas unhas com esmaltes coloridos, apesar de achar que em outras mulheres isso cai muito bem. É porque meus dedos são pequenos, e quando eu coloco cor nas pontas, parece que eles ficam ainda menores. Além disso, a pele da minha mão também tem linhas trazidas pelo passar dos anos, e eu acho besteira ficar me lembrando disso a toda hora. No meu último aniversário, achei que as horas passaram rápido demais. O tempo me confunde e ainda me deixa irritada.

Gasto uma quantia razoável com a porcaria do meu celular, por causa da minha necessidade de conversar. Converso com as pessoas na fila do banco, no ônibus, dentro da sala de aula. No consultório. E tudo vai ficando na minha cabeça. Nos dias que eu estou muito cansada, nem sei dizer se as idéias são minhas ou dos outros. É o preço que eu pago.

São poucas as viagens que eu já fiz. A maior delas talvez será a que ainda vou fazer. A fé que um dia isso vai acontecer me faz seguir adiante.

Sou uma pessoa comum. Sou um retângulo de um tecido, uma peça da engrenagem. Porém, sem mim, nada existe para mim mesma.


(Carla Silva escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Ingrid)


Só ela mesma

que gosta de esmaltes

E também de

chocolate “branco”

Que gosta de viajar

Mas odeia esperar

Ela gosta de mar

Mas sem saber nadar

Que ama festas

Carnaval, Natal, tudo.

Que é estabanada

Pois consigo não para

nada!, nada mesmo

Ela gosta de ganhar presentes

Mas também gosta de dá-los

Ama comer chocolate, mas

não quer engordar

Odeia seu cabelo, pois

Queria mais liso

Ama praia, calor,

Mas não gosta de biquíni

Pois se acha muito gorda

Para usar

É impossível descrevê-la

em um poema.

Como eu disse ela

estabanada que só

Diz que ama internet,

celular, mas se perguntar

Onde está o celular dela

Qual seria a resposta?


PERDI


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito em sala pela própria Ingrid)

Cuido-me bem


Um turbilhão. Meu ser é um turbilhão de imagens. Imagens que saltam aos olhos, coloridas, fragmentadas... E penso que todas estas coisas - os narizes, os vermelhos, as espirais no tempo - me dizem de como gosto de ser quem sou.

Adoro música: “se você disser que eu desafino, amor, saiba que isto em mim provoca imensa dor”... adoro viajar: “sou tímido espalhafatoso, torre traçada por Gaudí”... mesmo que nunca consiga sair do lugar em que moro. Viajo em outras paradas, viajo em outras artes. Me divirto, sem medo de ser. “Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minhas risadas”... É isto! Não quero brincar com a dúvida de não ser. Tudo é muito mais leve.

Ás vezes: correria, velocidade, um certo tumulto. Mas também, como não ser isto assim nos dias de hoje? Mas arrumo um olhar caído de cachorro pidão e vou seguindo. Aproveito tudo, cada minuto, cada segundo.

Tantos, tantos fragmentos, pedaços inteiros que se completam em mim. Beijos molhados: “love, love, love”. Ser pleno saboreando um doce gostoso, daquele sabor de fruta tirada do pé. A vida é doce. Ser pleno saboreando quem sou. Sem agonia, sem forçar nada. E sigo assim, como um coração que cantarola: “pra nunca perder esse riso largo e essa simpatia estampada no rosto”...

Cuido-me bem.


(Solange Dias escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Noemi)


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Às vezes parece uma menina

tem medo de palhaço

Violência

Não deseja a ninguém,

Jogo de raciocínio

Como xadrez

Nem em sonho

Acha que vai enfartar.


Adora a cor rosa

E quer um carro rosa,

“Odeia” mamão

não é nada saudável,

“Adora” tudo que é doce

Sorvete, bolo, chocolate

A faz delirar


Literatura, música e arte

Liberta-a de um mundo mau,

Um mundo triste

Que por diversas vezes

Sem escolhas,

Mas que há esperança

Quase foi esquecido!

Gosta de animais

Pizzas e carne branca

Itens que foram para o final

Para darem um contraste.


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pela própria Noemi)


Ora dia...




Ora dia...

Ora bolas! Hora boa, boa hora!

Ser nesse mundo uma alegria, mesmo nascendo! Olho com esse olhar de quem quer demais esse novo mundo que me cerca, afinal sob o signo de aquário e futurista, esse desejo é muito forte.

Pisco várias vezes e deixo que as brisas me embalem, sinto que esse desejo brota por conhecer o mundo e a mim mesmo, pois vai ser sempre a maior aventura da minha vida.


Imagino os passos, cada passo nas calçadas de concreto, nas paisagens ainda indeterminadas, no ritmo das conversas que estão por acontecer, nos sons, nessas músicas que falam da paz e de harmonia entre as pessoas e em cada contorno de luz e sombra escondidos. Tenho sede de viver! Porque há cheiros no mundo que ainda não conheço, há nas artes cores brilhantes e pulsos em dourado, que me chamam daqui onde estou. E as viagens? As terras desconhecidas, novos sabores, a boca enche d’água, dá uma fome! E o vai e vem de carros e aviões? Chamam isso de fluxo, uma corrente de energia forte, que move entre ruas, viadutos, mares, céus e trilhos, a vida das pessoas.


Só de pensar nisso, acelera o ritmo de meu coração, me dá uma tontura, o ar entra e sai rápido e tenho tanta vontade de vir a ser, que me desconcentro, ai que coisa!! opa! algo está acontecendo.. e essa claridade que brota? De onde vem?

Mãe, ô mãe ... corre mãe, se eu fosse você, acordava rápido, se vestia, pegava a malinha e acelerava a ida ao hospital... mãe, mãe ...eu acho que estou nascendo! A minha aventura vai começar.


(Elaine Perli Bombicini escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Juliana)


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Reflexão


Várias formas coloridas, que dispersas em confusão, formam uma só pessoa, uma só alma. Alma que podemos interpretar de vários modos, como a figura de um rapaz em cima de uma bicicleta, que tanto representa o gosto pelo esporte, quanto por sair buscando aventuras num mundo tão gigante.

Então, como tudo tem suas diferentes formas de avaliação, darei as que mais me parecem reais e interessantes.

O retrato coloca uma foto do John Lennon, mostrando seu gosto pela música como um todo, assim também o movimento que a banda trouxe, a vibe paz e amor. É uma pessoa um tanto zen, tanto pelo “paz e amor” quanto pela imagem de uma sombra praticando a meditação. Gosta de todo tipo de arte, se mexer com a música, ou melhor dizendo, a dança e qualquer forma de expressão. Guardar todos os momentos, mesmo os mais simples (que são os que trazem grandes alegrias), da vida em ricas imagens, como o gosto pela fotografia. Principalmente as coisas alegres, filmes de comédia, e o melhor remédio da vida: a felicidade, otimismo e claro, muitas risadas.

E claro, não podemos esquecer a gratidão que tal pessoa tem por onde vive; a paixão por São Paulo e pela cultura do Brasil e por cada canto do mundo, respeitando cada lugar com uma consciência ambientalista e por fim o amor pelos cães,pequenos seres, que transmitem muito amor e muita alegria.

Depois de uma breve reflexão, mesmo sendo uma confusão de formas coloridas, tudo se encaixa e vira uma só forma.


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pela própria Juliana)

Sete passos


1. Visão

    1. Eu uso base, você sombra, nós não nos esquecemos do rímel!

    2. Batom (Sempre): rubro, vermelho, escarlate; carmim!

2. Paladar

2.1. CHOCOOOOOOOOOOOOOOOOOLATE – Qual o foi o Deus maravilhoso que inventou essa maravilha? (VIVA A REDUNDÂNCIA DO CACAU)

3. Audição

3.1. Todo mundo me acha, mas ninguém me encontra: quero voltar a ser uma ligação perdida!

4. Olfato

CHEIRO DE MAR, MARINA, MADELEINE MINHA!

5. Tato

Eles me dizem (SEMPRE DISSERAM) para agir com tato: menina não brinca de bola! comporte-se! Aqui não é permitido emoções!

Quero sentir na ponta dos dedos, além daquilo que os meus pés podem tocar...


Paixão

Não a conheço, mas todos os dias ela vem me visitar nos meus sonhos. A paixão me beija no breu da noite, sinto o seu toque, mas não sou capaz de vê-la. Percebo a sua ternura, mas meus olhos permanecem fechados na escuridão da noite.


Desejo

Voltas, valises,

viagens: ir além do que

já foi imaginado!

“Há sempre um copo de mar para um homem navegar”



(Mônica dos Santos escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Isabella)

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Bom ela gosta de maquiagem

para se arrumar

Mas também gosta de mar

para nadar

Ela gosta de teatro

E viajar

para conhecer o mundo e pessoas diferentes

Ela gosta de ganhar presentes como também dar

Gosta de chocolate

Mas não engordar

Gosta de cozinhar

vários tipos de comidas

Gosta também de falar no celular, para fofocar

E por último gosta de jogar bola

E todos adoram


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pela própria Isabella)

Viajar


Meu pai criava cavalos na cidade em um enorme terreno que pertencia à companhia de gás

Eu

de manhã nos restos de fogueira dos rapazes da vizinha

Aprendi junto com a minha irmã a

à primeira sensação de liberdade que senti

Passados alguns anos

mudou-se conosco

a cavalo Quando pude comprei uma moto

de surpresa

toda a família

arrumou-se com um casamento coletivo

Hoje moro com minha namorada

temporariamente meu sobrinho

O marido bebia

O garoto tem dado

febre diarréia está mal educado anda mostrando o dedo


dessa vez ele machucou o bracinho

Eu sei que ele está tentando

relóginhos” desenhados no pulso

descobrir bilhetes escondidos

Estou cansado

está me torturando Sinto falta de liberdade Em silêncio

viagens sem destino

não ter a obrigação

Isso não voltar Nem sempre a falta de medo é sinal de coragem

mas há muita mágoa sempre parti

Para ir mais longe

Já estou quase

esse é meu plano

o que mais reluta

de jeito nenhum

tão mal Sou baixinho carnívoro

um bando de cães e destempero

Viajar

voltar menos não voltar tanto assim Ir


(Adriano Geraldo escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem pelo Paulo)


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O garoto, exausto de sua vida cotidiana

Querendo viajar pelo mundo

Conhecer lugares novos

pessoas, refeições, estilos de vida, culturas e tudo mais.

Ele se senta debaixo de uma árvore

Olhando para o céu, ele dá uma piscada

Dando mais uma piscada, ele vai para casa do amigo

Dando mais duas piscadas, ele vai para a Itália

Mais três piscadas, ele vai à China

Mais quatro piscadas, ele vai à Europa

Mais cinco piscadas, ele vai à Austrália

Mais seis piscadas, ele vai à Grécia Antiga

Mais sete piscadas, ele vai para Lua

Dando mais oito piscadas, ele vai para casa de um

Homem batata de chapéu caipira

O garoto estremece a cabeça e se levanta e

diz indo para casa

_ Já fui para vários lugares por hoje. Deixarei

mais um pouco para amanhã.


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pelo próprio Paulo)


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Auto-retrato


Meu aceno anuncia que sou um homem que tem na alma a mesma força motriz dos planetas.
Hoje, depois de velho, sei que estive em busca da busca. Sou um cão de barriga cheia e que mesmo satisfeito vai atrás de um bife quando o fareja. Este cão que só é fiel a ele mesmo dorme tranqüilo com suas pulgas.
Um dia descobri como encontrar Deus: deixei a barba crescer e escalei uma montanha. Perguntei a ele coisas que não soube me responder. Deus tinha uma maçã na boca, mas eu bem que vi seu sorriso por trás da fruta. Com sua mudez me ajudou a compor meus próprios dez mandamentos que gravei na bandeja de prata de um bar. E foi assim que transformaram as minhas leis em canção que hoje toca no rádio dos carros mortos do ferro velho. Quando era menino vi um carro parado sangrando um laranja ácido e desde então neguei este destino.
Sou feliz, pois aprendi a rir com o espelho, enquanto via no retrovisor homens enforcados em gravatas de seda.
Certa vez, sonhei com grãos de bico voando no céu, mas o que almejo mesmo é atropelar o pôr do sol.


(Bárbara do Amaral escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Lucas R. Rey)

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“Sentimos vontade de muitas coisas

Sentimos vontade de ter um carro possante

Lindo, de cor vermelho, brilhante.


Sentimos vontade de voar,

Abrir os braços e deixar nossa mente

nas nuvens nos levar a sonhar.


Sentimos vontade de ir para lugares agitados

E às vezes, queremos apenas um cato sossegado.


Sentimos vontade de sorrir, pular e dançar

Sentimos vontade de nos divertir.

Temos vontade sermos receptivos, simpáticos.

E até mesmo antipáticos.

Sentimos vontade de escrever para despertar o coração.

Temos vontades e sonhos.

Está em nossas mãos tornar nossos sonhos e vontades em nossa realidade.”

(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pelo próprio Lucas)

"Diálogo"



  • Ela é criativa e faladeira, gosta de comida, computador e de onde ela mora.

  • Sério? Nossa, que legal!

  • Na cabeça dela, passam mil coisas por minuto! Muitos assuntos, muitas brincadeiras, muitos sentimentos, muita seriedade. Muitas cores!

  • Como você descobriu tudo isso?

  • Foram muitas tentativas. Na última, consegui entrar de cabeça em seus pensamentos. Ela parece ser meio avoada, com a cabeça e a mente na Lua.

  • Nossa, mas...

  • E também pensa em assuntos importantes, que possam mudar o mundo.

  • E...

  • Ama conversar! Conversa sobre tudo. Sobre o que gosta de fazer, sobre o que quer fazer, sobre o que tem que fazer. Sobre melhorar o mundo, sobre natureza.

  • Olha, eu realmente...

  • E computador, então? É seu hobbie preferido. É o lugar onde mais passa o tempo.

  • Mas então...

  • Gosta de tudo quanto é comida: alface, carne, arroz, batata... E também ama São Paulo, seu Estado. Diz que tem muitas coisas para fazer. Ela brinca, estuda, pinta, joga, descobre, TUDO! Realmente uma pessoa que pensas muito.

  • Ah! que ótimo! Bom, tenho que ir! Até logo!

  • Até!


(Anna Beatriz escreveu esse retrato em 3ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Beatriz)

A tal garota






A tal garota (ou garoto, nunca se sabe) é vaidosa e, talvez, algo me diz, alegre, espontânea, e por algum motivo, que eu não sei bem explicar, ela me parece ousar. Alguns diriam que... sim. Outros, que não. Eu prefiro buscar um meio termo – nem de mais, nem de menos. Pelo visto, ela gosta de viajar. E quem não gosta? Ela parece gostar de tecnologias, mas nada muito exagerado. Chocolates... ela gosta. Creio eu que todos gostam ou, pelo menos, quase todos. Acho que ela é consumista. Não tenho certeza. Espera... talvez não. Quer dizer, isso é apenas uma dedução.

(Bruna escreveu esse retrato em 3ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Vitória)

Tantas


Se eu fosse um bicho: leão.

Se eu fosse planta: flor.

Se eu fosse um esporte: corrida.

Se eu fosse um prazer: comida.


Mas sendo quem sou (e sou tantas e tantos e tanto!)

Posso às vezes ser leão e às vezes passarinho

Às vezes flor, às vezes só o espinho

Posso correr ou acabar ficando

Só, parada, respirando.


Posso comer de tudo, aos montes, mas

posso alimentar o mundo

De sonhos, esperança ou fantasia

De um dia

Em que todos se virem tantas e tantos e tanto

Se alcançar a paz.


(Simone Alcântara escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Mayara)



Pertencimento


Nasci casualmente. Não foi coisa de mãe e pai. Apareci na barriga de uma mulher, logo saí dela e comecei a ocupar o mundo sem chamego ou apego.

Gostava de correr na terra, me banhar na bacia, do pouco carinho de mãe e de brincar com outras crianças. Os homens fortes me fascinavam, seus braços construíam cabanas em poucos minutos. As mulheres não, elas conversavam e brigavam demais. Também mudavam demais de humor. Todas as broncas vinham delas. Já os homens guardavam seus mistérios. Sempre partiam corajosos e unidos. E voltavam transformados. As mulheres sempre ficavam, e eu com elas.

Maior um pouquinho constatei: existiam outros lugares e outros modos de vida. Fui, parti! Da mesma forma como nasci. Em outro mundo chegando logo vi que cada modo de vida é para um vivente. Eu deveria fazer parte do mundo dos que permanecem pequenos mesmo depois de terem crescido, como num tabuleiro de xadrez onde as peças são sempre altas ou sempre pequenas. Contudo a descoberta mais surpreendente foi sobre mim mesmo. Descobri que eu era diferente de qualquer outro ser porque minha cabeça pensava coisas que ninguém desconfiava! Então, passei a ter alguém que cuidava de mim, ela, a minha cabeça que me ensinou que também podemos crescer colocando roupas bonitas, tendo gente ou objetos interessante em nossa companhia... E foi conquistando coisas, gente, novos lugares que tornei me grande.

Quando percebo me partido, ou despedaçado faço uso de um objeto colante que junta os pedacinhos e faz com que todos me vejam grande como uma estatueta romana, e então sorrio pro mundo como um cão faz pro seu dono. Ah, me alimento de algo de muita sustância e cor intensa, sabor pertencimento ao grupo dos homens que partiam unidos. Unido, isso não sou. Mas me compadeço das ações dos que são. Assim como gosto do glamour das celebridades inatingíveis... Admirando os aproximo me do menino que fui. O menino para quem os mundos e seus homens eram inatingíveis.


(Andréia Almeida escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato em colagem feito por Camila)

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Essa tal de...


Essa tal de Camila deve ser uma sujeita interessante. Cultua e defende o Oriente, em especial as mulheres, pois feminista que só ela, é contra injustiçase preconceitos. Acredita no poder da mulher.

Também é uma “louca do livro”, lê tudo que lhe derem. É... ela deve ser interessante.

Além de “louca do livro”, é uma “louca do esalte” e “louca do doce”. Quanta loucura!

Essa tal de Camila gosta de natureza e de política, juntando duas ideias, gosta dos projetos de outra tal Marina Silva. Não gosta de corrupção e mentiras, aproveita o bom da vida.

Essa tal de Camila deve serinteligente e engraçada. Gosta de xadrez e de Borat. Também gosta de animais. Soube que tem um gato e um cachorro. Ela gosta de história e arte. Quantos assuntos ela está à parte?!


É...

Essa tal de Camila...


(E este retrato em 3ª pessoa foi escrito pela própria Camila)


Mania de observar


Meus olhos, os meus olhos, parecem que só procuram a minha origem. Estou sentada agora, num corredor, longo, vazio. Tem uma poltrona ali, virada de frente para uma porta. Antes de qualquer coisa, digo que tenho a mania de observar.

Morangos, os morangos, são produzidos pelos morangueiros,
que é uma planta da família das Rosáceas. Existem cerca de 20 espécies, inclusive silvestres, com ampla distribuição nas zonas temperadas e subtropicais. Descobri isso porque li. Leio com uma boa freqüência. É uma questão de costume. Ah, ela é rica em vitamina C.

Eu peço desculpas desde já, sinto dificuldade quando tenho que falar de mim. Ainda mais em público, assim. Sou contida mais em mim. Entendem? Eu me dou muito bem com a natureza, com os animais, por isso que eu digo que procuro a minha origem.

Por falar em animais, gosto muito de comer frango assado. Opa! Não! Quando digo que gosto de animais não é para comê-los, gosto deles vivos, porém não nego que como frango assado, com certa vontade, admito. (pausa). Pensando agora, essa é uma questão dual para homem, comer aquilo que anda, sente, emite algum tipo de som, ainda mais se sentimos algum tipo de sentimento pelo ser. Não vou desenvolver isso agora, deixo para mais tarde.

Ia falar dos morangos, mas vou me estender, então... Acabei.


(Caroline Cunha Duarte escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Priscila)


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A tristeza lhe corrói

E o vazio se constrói

Mas em meio à natureza

Surgi-lhe uma certeza

Um desejo descontrolado

De comer um frango assado.


(E este é o retrato em 3ª pessoa escrito pela própria Priscila)


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sarrazac - Inspiração





São duas horas da manhã e não conseguia dormir
“Um teatro em vias de fazer-se”
Queria escrever
“Públicos bastante variados”
Não tinha saco pra me levantar da cama
“Liberar a expressão pessoal de cada participante”
Senti frio
“Vozes silenciosas”
Tentei dormir
“Coro discordante”
Me peguei pensando de novo em como será
“Não manifesta nenhuma prevenção contra uma tal estética induzida”
Tenho de ler mais
“Escolhi recusar esse fenômeno da estética induzida”
Continuar observando as pessoas na rua
“Aqueles que já tem uma grande experiência de escrita”
O relógio do meu quarto não faz barulho
“Aqueles que são totalmente neófitos”
O sono ia chegar
“Próprio caminho”
Tinha de chegar
“Tensão-ação-silêncio-o eu”
A rua fica sempre mais silenciosa à noite
“O teatro pesa com todo nosso peso no chão”
E mesmo assim, há muitos que também não conseguem dormir
“Crise de paranóia familiar”
Ou não podem, ou não devem dormir
“Cada um faça ouvir, no sentido próprio, sua voz”
Simplesmente porque estão vivendo
“Uma re-escrita quase permanente”
Ou trabalhando
“Da qual nos fala a psicanálise”
Finalmente eu senti o sono
“A atenção e o interesse do ouvinte correm o risco de se esgotarem”
E a cidade continuou... Lenta, mas continuou
“Intertextualidade”
Quantas coisas acontecem ao mesmo tempo?
“Aprendeu mais ainda nesta outra obra, a vida”
O Tempo é relativo
“Desalojar o escritor de uma atitude do tipo “diário íntimo exposto em cena”
Ouço isso sempre
“Seja absolutamente transformável e adaptável”
e a hora de acordar chegou; já era mais um dia

(Carla Silva)

(Este texto foi enviado como comentário ao post anterior. Por se tratar de um ateliê de escrita e dado o tratamento "semi-ficcional" do comentário, achei estimulante publicá-lo como postagem - uma espécie de aparte, de narrativa paralela às demais contribuições à discussão. Adélia Nicolete)