sábado, 9 de abril de 2011

Martina


Fernando Burjato - Sem título - acrílica sobre mdf, 30 x 45 cm. 
2006


Duas da manhã.
Falta luz.
Martina resolve ensaiar piano.
(Ela não precisa de luz: um teclado são tiras justapostas com algumas balizas aqui e ali. Os dedos enxergam)
Eu, que preciso de olhos, permaneço imóvel.

Martina toca e o som que ressoa no apartamento parece atravessar as paredes e derramar-se no prédio inteiro. As notas escorrem pelas escadas, cruzam a avenida, cobrem a mureta da praia e misturam-se ao mar. Sinfonia.
Outra camada espessa de som pavimenta as ruas do bairro, carregando consigo homens, mulheres, táxis, feito esteira rolante.

Não preciso de olhos. A dança-vertigem me leva e eu giro, e giro, e giro.

Peço pra que a luz não volte. 
Pra que Martina toque até seus dedos sangrarem e,
ao escorrer
                  pelas
                          escadas,
                                         o som vermelho
                                         amanheça o dia.


(Adélia Nicolete)


(Este texto, em primeira versão, foi baseado na apreciação descrita na postagem anterior. A proposta foi de um relato com, no máximo, 15 linhas, em primeira pessoa, escrito em até 30 minutos.)



2ª versão (escrita em janeiro de 2013)



Madrugada.
Falta luz.
Martina resolve ensaiar piano – teclados são tiras justapostas com alguns sinais aqui e ali: os dedos enxergam
Eu, que não toco, permaneço imóvel.

..... … . . .. . . ....

As primeiras notas alcançam meu peito
e é incrível o modo como me atravessam
preenchendo a sala e
habitando os móveis e
não podendo mais de tanto som
transbordam pelo vão das portas
alcançando o
cor
re
dor....... … .. . ….. . … …. …. ….

Madrugada.
Martina e sua música escorrem pelas escadas,
andar por andar.
Penetram os sonhos das adolescentes,
confortam o sono dos moribundos,
iludem o vigia
que destranca a porta pensando que o Anjo chegou mais cedo.

Livres, cruzam a avenida, cobrem a mureta da praia e misturam-se ao mar.
Sinfonia
que embala os enamorados na areia
e faz o mundo girar
girar
girar
girar.. .. .. .. .. .. .. . . . . . . . .


Que a luz não volte

pra que Martina toque até seus dedos sangrarem e

alcançando o horizonte

o som           vermelho                     amanheça                                      o dia.




22 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Esclarecimentos à população

    A determinada altura do processo, senti eu mesma necessidade de sair da posição de condutora e me colocar na situação de escrevedora: fazer propostas, me impor restrições, limites. Vivenciar o processo do ateliê e experimentar a ansiedade, a dúvida, o desconhecido.

    Considerei importante essa vivência - que achei parecida com a do diretor quando aceita o desafio de entrar em cena, por exemplo – porque é relativamente cômoda e aparentemente fácil a posição de condutor das propostas. Eu precisava correr o risco que “o outro lado” implica.

    Confesso que durante os ateliês que conduzi, sentia inveja dos participantes por estarem em situação de criação permanente. Em algumas ocasiões propus escritas que eu mesma gostaria de fazer, como foi o caso da história de fantasia a partir das telas de Beatriz Milhazes. Era como se eu dissesse: “aproveitem, escrevam, quem me dera ter essa oportunidade!”
    Em outros momentos, cheguei a escrever textos, porém não era o caso de compartilhá-los sob o risco de comprometer o contrato estabelecido.

    Enfim, considerei que a exposição de Fernando Burjato seria uma ótima oportunidade para apreciação seguida de criação. No caso, diferentemente do ateliê, tudo foi feito de maneira solitária, sem a colaboração do coletivo. Mas creio que isso não importa. Mesmo porque um dos objetivos mais preciosos do ateliê é que, ao sair, os participantes tratem de utilizar a experiência em beneficio próprio, escrevendo, escrevendo, escrevendo sem nunca mais parar.

    ResponderExcluir
  3. Adélia,adorei o texto. Os textos. A leitura que você fez dos trabalhos, e os textos em si. Tocante. Muito bacana que nunca conversamos sobre meu trabalho, e você vê de um modo muito parecido que eu, faz relações que eu temia que estivessem mais em minha cabeça que nas pinturas. E o desdobramento, o texto de ficção, muito bonito. Vamos nos falando. Beijos,Fernando Borjato

    ResponderExcluir
  4. Adélia!
    primeiro o gosto: a poesia em cada cor da obra, paralela à cada linha escrita.
    Todas as conexões feitas. Essa trama transparente que parece combinada (e sei que não é - com o autor da obra) de imediato ao vê-la pensei em harmonia musical. Só depois que fui ler teu texto.
    O sabor: é agradável ver você se colocando à disposição da criação. Em muitos momentos do atelê senti essa vontade de saber como você se sentia em relação a "estar fora" do ato criativo, mas achei que conhecendo voce um pouco como conheço, jamais entortaria a proposição feita. Por isso fiquei na observação, mas pensava uma hora isso brota...rs. Isso só acumulou garra e agora passado o tempo, num outro momento eis que surge um texto enxuto, poético e úmido (aqui evoco o feminino) com tantas matizes quanto as cores finas do F. Borjato. Ah! como amei essa junção.

    Acho que vejo Martina abrindo um mundo novo, é como um texto que dá passagem, ele abre se abrindo. Me parece uma estréia em bom momento.

    Normalmente gosto de acrescentar um "e se", gosto que se alonguem na escrita, pois tenho prazer na leitura, mas nesse teu, à mim se tornou exato, preciso. Martina só precisa continuar a tocar. Fernando a pintar. Adélia a escrever.

    ResponderExcluir
  5. Elaine, obrigada pelo retorno tão precioso.
    Essas imagens que postei não dão a dimensão do trabalho do Fernando. Tanto que ele vai passar outras, com melhor definição. Ou seja, se você gostou dessas, certamente vai se interessar pelas que estão por vir.

    Em relação ao texto de ficção, realmente foi um parto. Me senti como muitos de vocês em relação à autocrítica. Sei que há detalhes (ou mais que detalhes) a serem revistos e que o seu olhar generoso passou por cima. Mas você deixou uma pista quanto a “um texto enxuto, poético e úmido (aqui evoco o feminino)”. Posso aprofundar ou intensificar por aí.

    Fico honrada com seu comentário, blogueira que é, concluído com uma cereja bem vermelha! Rsrs
    Beijos, querida.

    ResponderExcluir
  6. Adélia! Martina é simplesmente comovente.
    A poesia vai conquistando os versos e pondo o leitor a par de todas as imagens que a luz não revela às claras. è como ler um poema com olhos fechados; tocar às palavras com os próprios dedos para sabê-las em sons e cores, assim como vêem também os dedos que retira das teclas todas as notas na forma de música. Os versos finais, que retomam a forma da poesia concreta e faz ser possível "ver" verdadeiramente, o som vermelho do dia que amanhece. É muito bonito!

    ResponderExcluir
  7. Eu me senti dentro dele, rodei junto. Fui conduzida pelas ruas, escada, vi homens e mulheres levitando, vi o som invadindo e se espalhando (o som invisível que neste caso me envolve numa atmosfera presente), tudo isso mergulhado numa esfera gasosa, num ambiente mental e sensitivo, que aparentemente não existe, se revela apenas como uma ação sem mais sentidos, mas que é enaltecido com esse texto. É tudo tão radical, intenso e obsessivo que o sangue de uma pessoa me assusta. Me parece que tudo não passou de alguns poucos segundos fortes. O preto da madrugada se contrasta com o colorido do piano de forma poética. Uma mistura de imagem ( se revelado em som ao se espalhar)e som (se revelando em imagem em notas musicais andantes).

    A Elaine foi concisa ao dizer que esse texto é exato e preciso, portanto é na medida. Infelizmente ou felizmente não tenho um "E se". Ele, o texto, é fechado; não tem rodeios; fala de uma situação simples porém extremamente humana, e eu gosto assim.

    Carol.

    ResponderExcluir
  8. Adriano Galego Geraldo11 de abril de 2011 às 16:15

    Belo. Bela arquitetura das imagens. Adorei a composição e as soluções que você realizou com as imagens de seu trajeto e da exposição de seu colega. As imagens criaram uma atmosfera, acho que seria interessante explorar ainda mais essa possibilidade. Mas algo me chamou a atenção fora de Martina, o narrador, ele é sensibilizado pela ação de Martina, por tudo, ele não é um narrador em terceira pessoa, ele sente enquanto Martina toca sem precisar ver, é ele que vê na escuridão... Mas há melancolia, há a falta de algo, de enxergar, que cegueira aparentemente consciente é essa que lhe trás essa tristeza? Ele vê e não vê? O narrador é feminino ou masculino? O vermelho... O vermelho... Ele é simbólico masculino, feminino, de amanhecer, de guerra, de renascer, ele é puro... Acho que o narrador e as cores escondem alguma coisa de nós... Fica um... E se... Que escorre como as cores e as imagens... Gostaria que essa trama continuasse. Parabéns Adélia!

    Adriano

    ResponderExcluir
  9. Lima, obrigada por ter dedicado um tempo do seu dia para ler e comentar o trabalho de maneira tão preciosa. Realmente, a intenção do final era utilizar o recurso gráfico para também figurar o sangue que desce a escada. Talvez eu de uma mudadinha no lugar do último verso. Se vc tiver sugestão, nao se acanhe.
    Beijos e obrigada!

    ResponderExcluir
  10. Carol, minha flor, obrigada pelo comentario. Percebi mesmo que vc se envolveu com o texto.
    Acho que ha uma pista, sim, quando vc diz que "é tudo tão radical, intenso e obsessivo". Talvez eu possa aprofundar mais esse caminho, que acho que combina bem com o escuro, alguem tocando obstinadamente e meio à merce do outro, ne?

    E tb acho legal vc pensar que "parece que tudo não passou de alguns poucos segundos fortes.". Realmente, acho dificil um arrebatamento que dure horas e horas. O narrador pede pra que a luz nao volte que é pra sentir de novo essa emoçao que dura tao pouco. Vou pensar nisso tambem pra ver se da pra alterar alguma coisa na reescrita.

    Super obrigada e apareça de vez em quando!
    Beijso, amore!

    ResponderExcluir
  11. Adri, que lindo quando voce aparece por aqui. Muito obrigada.

    Vou começar do começo: arquitetura. Acho que pensei nisso quando escrevi. Numa estrutura. Pneso sempre nisso quando escreveo: tamanho das frases, posição na pagina, numero de silabas. E acho que isso se parece com arquitetura. Nao sei se boa, mas arquitetura! rsrs

    OK quanto a trabalhar mais a atmosfera. Tambem acho. É so encontrar direitinho qual é!

    E vou pensar mais nesse narrador. Quem é ele. Realmente ainda nao esta tao bem definido, nem pra mim. Acho que é homem, mas pode ser mulher, por que nao?
    E pensar tambem nas cores. Ja que usei o escuro e o vermelho, creio que posso usar mais esse recurso no texto: as cores.

    Ai, meu Deus, e agora? Sera que dou conta?
    Voce sentia isso no atelie?! rsrsrs

    Obrigada,mais uma vez. Apareça sempre que puder.
    Beijao, Galego!

    ResponderExcluir
  12. Adélia!

    "E se", Você tentasse sem o artigo "o". Mas, é muito lindo como está... Apenas é mais uma 'imagem' do leitor! rss

    (...)
    o som vermelho
    amanheça
    Dia.

    abraços...

    ResponderExcluir
  13. Oi, querida! Demorei, mas cheguei! Sou suspeita para falar de um texto tão caudaloso de imagens e poesia. Você sabe que adoro isto. Como meu colegas de viagem, também me transportei em suas palavras, escorrendo pelas imagens e ficando junto. E isto é bom. E por isto, teria um “e se” para continuar sendo uma recebedora privilegiada daquilo que você propõe: E se o som do piano de Martina primeiro entrasse pelos ouvidos do narrador (ou narradora) fazendo dentro dele um caminhar, mexendo tanto no seu interior até implodi-lo e fazê-lo explodir na dança-vertigem? Não há luz por fora. Nem é necessário. Pois o som do piano de Martina ilumina por dentro do narrador até transformá-lo. Lindo texto, Adélia! Beijinhos

    ResponderExcluir
  14. Solange, que bom ter o seu comentário!
    Achei ótima a sua ideia de fazer o som percorrer primeiro o narrador e, depois, o ambiente. Vou usar, com certeza.

    Bem, como esse exercício serve, principalmente, para eu testar o ateliê em mim mesma (rsrs), fico pensando na importância da primeira versão.
    O limite de tempo e de linhas faz com que nos concentremos e selecionemos, às vezes demais, os elementos possíveis.
    AS primeira versão seja, talvez, um plano do que o texto pode vir a ser. Não chega a ser um resumo. É o texto em potência, entende?
    Daí que o coro, tendo essa ideia geral do que o autor pretende, pode, aí sim, colaborar com o desenvolvimento. Mas é preciso que o autor se coloque primeiro, ou seja, que haja essa "carta de intenções" que é a primeira versão.
    E para o autor essa carta de intenções deveria dar uma certa segurança do que ele quer,daí poder selecionar as sugestões que vem de fora. Usar as que, no diálogo com as suas próprias intenções, podem fazer o texto crescer numa reescrita.

    Bem, tudo isso pra repetir que a sua sugestão é muito bem vinda! Creio que já está selecionada.
    Obrigada, querida, pelo olhar generoso.
    Beijos procê também

    ResponderExcluir
  15. Você tem razão. Quando começo a criar algo que necessita de um limite - 15 linhas, 5 minutos, o tempo de uma respiração ou pensamento - me vem sempre a imagem de um rio que precisa primeiro ser delimitado, margeado para que, já que eu não posso ultrapassar os limites pelas bordas, eu possa seguir, em um segundo momento, para aquilo que me sobra - o que já é um infinito de possibilidade - o ir fundo, na profundidade. Penso então que esta primeira versão é o nosso margeamento mesmo, aquilo que é necessário pra que o rio não transborde, para que eu não perca aquela primeira ideia, ou imagem, que me fez começar a criar. O que vem depois, as próximas versões, são essas profundidades, essas descobertas que só são possíveis com mais tempo, mais namoro...

    ResponderExcluir
  16. Pois é, Solange, essa metáfora do rio é boa...
    Investir nas profundezas e, se for possível, avançar. Se não vira lago! Rsrs
    E para complicar um pouco: quem sabe dar também o relato das margens?
    Essa multiplicidade de olhares, de pontos de vista, de tempos e espaços, tão própria da dramaturgia contemporânea.
    Será que viajei demais?
    Culpa do rio...

    ResponderExcluir
  17. Adélia,

    Seu texto uma musicalidade intensa. Interessante perceber o como você transportou a música de Martina a própria estrutura da sua narrativa: “Ela não precisa de luz: um teclado são tiras justapostas com algumas balizas aqui e ali.”
    As aliterações presentes no seu texto me fizeram lembrar um pouco de um poema de Adélia Prado chamado “O vestido”.
    Com relação à temática, seu texto destoa muito do dela, mas a leveza que ele propõe através destas aliterações (sobretudo a repetição do s e do z), me faz realizar uma ponte entre estas duas propostas.
    Sua narrativa é extremamente leve: a sinfonia, o mar, a dança ...
    Fecho os olhos e ouço esta sinfonia, gosto muito desta associação com o mar. Em alguns momentos tenho a impressão de que a música de Martina é como um rio caudaloso que desemboca neste imenso oceano: sinto o chiar das ondas na sonoridade do seu poema.
    Entretanto, diante de toda esta sinfonia (de Martina e do seu texto) brotam imagens duras: percebo uma alucinação, um ritmo ininterrupto; a dança-vertigem, os dedos de Martina no teclado, o sangue que escorre...
    Gosto muito desta oposição, mas penso que, talvez, na última parte do texto poderia ser desenvolvido um pouco mais deste caráter vertiginoso... O que você acha?

    Beijos
    Obs.: Demorei, mas postei. Desculpa a demora.

    ResponderExcluir
  18. Ah...

    Tomei a liberdade de postar o poema ...


    O Vestido

    No armário do meu quarto escondo de tempo e traça
    meu vestido estampado em fundo preto.
    É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
    à ponta de longas hastes delicadas.
    Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
    meu vestido de amante.
    Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
    É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
    eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
    De tempo e traça meu vestido me guarda

    Adélia Prado

    ResponderExcluir
  19. Covardia pura me mandar poema da Adélia Prado, Mônica.
    Primeiro, porque é a minha poeta preferida, me emociona, me toca fundo na alma, como nenhuma outra.
    Segundo porque me sinaliza o quanto sou crua, o tanto de tempo que ainda me falta pra virar gente, o tanto de chão que ainda me falta caminhar, simplesmente pra que eu possa dar o primeiro passo...

    Obrigada por essa delicadeza...
    Depois comento seu comentario...

    ResponderExcluir
  20. Bem, agora posso te responder o comentário, Mônica.
    Muito obrigada pela sua leitura, que enriquece o texto. Voce ve nele bem mais intenções e resultados do que eu havia pensado. Essa coisa de escrever em 30 minutos é uma situaçao de emergencia. Creio que damos o melhor de nós, mas sempre com vistas às inúmeras reescritas, que é onde a arte habita, né? (Desculpe a quantidade de itas!)
    Vou pensar nesse contraste leveza/vertigem que voce aponta, assim como na intensificaçao do final e na musicalidade.
    Percebo uma atmosfera alucinante mesmo. Gostaria de investir mais nisso.

    Obrigada pelo comentario, MÔnica. Espero de alguma forma corresponder ao investimento de todos voces! rsrs

    Meu abraço pra ti.
    Adélia

    ResponderExcluir
  21. well,well,weel, venho sempre aqui para ler, mas hoje deu uma saudade monstruosa do tempo espaço que convivemos no ateliê, então passei para saudar aos amigos, aos leitores, aos visitantes, à Adélia, mas principalmente aos textos, tantas e quantas pérolas!!! deixo um abraço e o meu amor pelas letras, Elaine

    ResponderExcluir
  22. Nem me fale, Elaine. Esses textos repousam aqui no blog, mas é so aparencia. No fundo eles pulsam, inquietos, vibrantes. Quanta lindeza produzimos. Que essa saudade produza açoes criativas agora e no futuro. Beijos, querida.

    ResponderExcluir