domingo, 16 de dezembro de 2012

Texto de Rafael Michalichem




Maria do Carmo Freitas - Inventário dos achados - 2004
mesa com objetos - 60x100cm
(Foto: Adriana Moura)


Três! Já é o terceiro esta semana! Quem imaginaria que nesta vastidão horizontal e vertical houvesse tantas relíquias silenciosas aguardando. Sonolentas, as marcas dessa vida ancestral estão bem aqui, em minha frente, enquanto anoto a minha excitação. Talvez mais milhões de outros sob meus pés, criando vida em camadas de terra de eras diversas. Será que cada metro que escavo possui uma história diversa de vida e de morte, de tantos seres inimagináveis, de um tempo do qual não há registro? Três! Já são três deles e não me canso de procurar. Por mim, pego minhas ferramentas e volto agora para o terreno árido do sítio, passo as noites lá fora, sigo cuidadoso, silencioso e nem por isso menos excitado escavando vasos, fósseis, ossos... que mais há aqui embaixo? Que virá amanhã?


(Rafael Michalichem  é aluno do Curso de Teatro da UFU e escreveu esse trecho de diário a partir da apreciação individual e coletiva de uma obra de Maria do Carmo Freitas)


A imagem utilizada nesta postagem encontra-se no livro:
FREITAS, Maria do Carmo. Maria do Carmo Freitas: depoimento. Belo Horizonte : Com/arte, 2004. p. 4.




Um comentário:

  1. Um texto curto é sempre um grande estímulo. Muito interessante que desta imagem tenha sido gerado este texto. Algo que nos faz pensar sobre o que deixamos ao mundo e para o mundo!

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