terça-feira, 13 de abril de 2010
Pourquoi Lipovetsky?
Diversos filósofos, sociólogos,pensadores vem refletindo sobre a pós-modernidade. Alguns já se tornaram clássicos: o filósofo francês Jean-François Lyotard (1924-1998), o crítico literário americano Fredric Jameson (1934) e o historiador inglês Perry Anderson (1938). Há também outros autores que, embora não abordem especificamente o tema, fazem uma reflexão profunda sobre o homem e a sociedade contemporâneos, o que nos ajuda a compreender o período em que vivemos – e a nós mesmos. São os filósofos franceses Gilles Deleuze (1925-2005), Felix Guatari (1930-1992), o também sociólogo Jean Baudrillard (1929-2007) e o pensador argelino Jacques Derrida (1930-2004).
Escolhemos, no entanto, um outro francês para dar início ao nosso estudo do contemporâneo: Gilles Lipovetsky (1944). Este filósofo vem, desde os anos 1980, empreendendo um esquadrinhamento do cotidiano, da realidade imediata de final e início de séculos, e é este material concreto que desperta suas reflexões sobre a pós-modernidade ou, como ele mesmo vem propondo, a hipermodernidade. Seu campo de ação se amplia a cada novo título: o individualismo contemporâneo, a moda, a ética e a moral, o luxo, a condição feminina. Seus estudos abraçam a cultura em geral, as artes, a psicologia, a sociologia, a educação, a política – sempre de forma crítica, mas quase nunca de maneira apocalíptica. Lipovetsky analisa o presente sem piedade, porém, consegue vislumbrar possíveis “viradas”, caso a humanidade se disponha a isso.
Com abordagem aprofundada, porém acessível a leitores que se debruçam pela primeira vez sobre o tema, seu livro “A era do vazio”, publicado em 1983, nos pareceu o mais indicado por vários motivos. Primeiro por apresentar uma retrospectiva da Modernidade com vistas à compreensão dos movimentos que a sucederam e que, ao contrário de negá-la, conservam, banalizam ou exageram muitos de seus princípios. Reflete sobre o papel do capitalismo de consumo, em substituição ao capitalismo de produção, na instauração do desejo como mola propulsora da pós-modernidade. E, além de tudo, trabalha temas essenciais quando se trata de criar e/ou analisar textos teatrais ou a própria realidade contemporâneos: consumo de massa, narcisismo-hedonismo-individualismo, questões de gênero e de classe, desencanto religioso e aumento de seitas e terapias, ansiedade e depressão, tempo-espaço e desterritorialização, hibridismo das formas, binômio arte e vida, interlocução de linguagens, novas tecnologias, desierarquização, corpo e fetichismo, convívio de opostos, liberdade, mas submissão ao consumo, desperdício, mercantilização e publicidade, reificação, declínio das metanarrativas, desinteresse pela militância política ou pelas revoluções, entre tantos outros.
Gilles Lipovetsky abre os estudos que serão aprofundados e ampliados nos encontros e, na medida do interesse de cada um, nas pesquisas individuais a partir da bibliografia recomendada.
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Entrar em contato com esse autor é meio que trazer a consciencia onde estamos inseridos, não é um tema fácil, mas nem por isso impossível de compreensão. Ele tem um vigor na análise que impulsiona a leitura, mas nao é fácil...rs Rever a própria historia sob esse holofote lipovetskyano é uma tarefa curiosa.
ResponderExcluirSaludos, Elaine
A leitura de "A Era do Vazio" me mostra que estamos tentando resgatar "erroneamente" o ser humano....
ResponderExcluirA "era do vazio" me parece o tempo da desorientação.
ResponderExcluirNão pela falta de conteúdo ou excasses da informação, e sim pela maneira exagerada e desorganizada que tudo nos vem com tanta facilidade.