Uma verdade: o relógio é, é, é, é, é, é...
O foi, será, foi, será, foi, será, foi, será, não me deixaram dormir.
16:23
Estou sempre querendo ir
Para algum lugar aonde não se vai.
Esvai.
Estou numa roda gigante.
(Escuta, você está num carrossel!)
É verdade, pois vento tem rosto aquarelado.
Numa confusa aflição
Esqueci que um cão me disse, “Um, um, um...”
Falou que não sabe viver, só existe.
Ou foi ao contrário?
Ele usava no pulso uma tigela de comida.
Ele me deixou constrangida.
Odeio ser centopéia na frente de estranhos.
Uma vergonha do medo bem disfarçado.
Conto para ele que as formigas inspiraram a geladeira.
Que por todo lado vejo gente se metamorfoseando, uns viraram cápsulas, outros potes, tem homem caixa, cofre, fruteira, vaso, vasilha, bolsa, porta níquel, armário, casa e até depósito. Uma variedade enorme de insatisfeitos.
O humano é o único animal que busca auto evolução. Nenhum outro animal quer algo que não seja intrínseco a ele.
- Dois quilos de cérebro humano, por favor!”“.
- 75 anos de medo.
-Tem troco?
-Um pouco de poder e várias balinha.
-Obrigada.
(Uma massa de manobra agradece.)
Bárbara do Amaral.
(Título e imagem escolhidos pela autora da carta)
Mais uma proposta de carta/expressão que não mais necessite da estrutura convencional.
ResponderExcluirAo me mandar o texto por e-mail, Bárbara comentou que o resultado se aproximava bastante da poesia. (Creio que Artaud e Gertrude Stein destravaram, de certa forma, alguns condicionamentos.)
Uma carta nos moldes tradicionais talvez esteja mais próxima do épico.
Uma carta fora dos moldes talvez nos aproxime do lírico.
E viva Artaud e a Gertrude!
ResponderExcluirNovas possibilidades para o exercício do criar.
Barbara,
o que me atrai em seus textos (agora que li dois deles) é que sua visão de mundo é incomoda. E eu aprecio o que incomoda, ainda mais com essa justeza de palavras. Agora de já de hoje correspondo-me com essa possibilidade.
Saludos,
Elaine