Alinhavei tudo com raios de solstício
Olhei pelo balcão da varanda e o vento empurrava a tudo
A tudo empurrava o vento
E ainda que falasse a língua demoníaca dessa medicação
Anti pânico, pan, rábico
Eu não entendo não se pode viver sem amor
E a cena ali que vi aceno aqui
A cena reprogramada
Repassando milhares de vezes
Houve razão cena
Houve a morte e a cena
Há sentido memória e cena
Invertido saneado
Qualifica o som da ponte
Memória miniaturizada
Pás de ventilador
Hélices de aviões
Laminas metálicas
Penas de escrita
e
Fluxo
Fluxo Impulso fluxo de novo
O amor que escorre
Militante
Cai tudo
O fluxo reservado esvaiu
Doce e lento venenoso
Lento e sereno viscoso
Escorrido pingado e lento
Lento e lentamente
Sem o ar, sem o amor
O amor
Secando de dentro pra fora
Usura levada ao extremo
som do mar ao longe - úmido
Molhado de sal que o olhar escorre
E a torta paisagem
com céu de lado
verticalizado – o amor,
esse, apenas como o vento empurrado
estético na estática,
dentro da poça de sangue
Elaine
2010 – Ciclo de Estudos da Dramaturgia Contemporânea
Carta é meio/forma de comunicação/expressão de algo a alguém.
ResponderExcluirEla pode seguir um padrão consagrado e oficial. Ou não.
Como o teatro, que é também meio/forma de comunicação/expressão de algo a alguém.
Ele pode seguir um padrão. E o tem feito durante séculos.
Mas pode não seguir.
Como uma carta sem data, sem prezado destinatário, sem parágrafos, sem atenciosamentes e assinaturas, o teatro pode chegar, tocar, promover a comunicação/comunhão entre as gentes.
Como a carta da Elaine nos toca. No fundo.
Li institivamente esta carta numa velocidade bem acima do que tenho costume, parecia a velocidade da queda,do chão, das pedras no fim do trajeto vertical, e que todos os pensamentos passam numa rapidez como de um flashback.
ResponderExcluirAdélia, Mariana,
ResponderExcluiresse é um tema que me atrai, difícil, porém instigante..o que leva a onde? porques? quem fica? motivos e tal. E num lapso tudo finda.
A pós modernidade tem muito disso, mas quase ninguém dá atenção, ou melhor quase ninguém para para colocar atenção sobre isso, é recorrente e com pessoas cada vez mais novas. Acho que traduz um pouco minha ansia pós moderna, nao de tentar entender, mas de observar.
Mariana, é uma delícia perceber que o teu olhar alcança tão longe! De certa forma era isso mesmo que eu queria transmitir o minuto final.
Obrigado pelo post.
saludos
Elaine
saludos,
Incrível a poesia que emana da tua carta. A sonoridade, o jogo de palavras, as metáforas...
ResponderExcluirLindo e Instigante Elaine
Gostei muito
Oi Mônica! eu releio agora e me assusto... apesar da poesia, é um grito parado, minha natureza humana.
ResponderExcluirobrigado!!