quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tempus fugit




Claudio!!
Quanto tempo não paro para pensar a vida, tomar um café e olhar nos olhos das pessoas!
"O tempo é a moeda da vida"
Definitivamente esse mundo ta perdido. Ando tão cansada desse ir e vir. Mas ao mesmo tempo tem tanta coisa para ver e olhar, aprender e absorver que me sinto uma grande esponja, orgânica tá?!, mas esponja.
O mundo ta perdido de tanta informação presente, veja, se isso fosse lá atrás como dizia minha tia Angelina, a gente jamais ia escrever email pro amigo e sim as cartas floreadas, cheias de mesuras, decalques de flores e perfumes e entrecortados comentários por lágrimas de emoção, Bico de pena e letra trabalhada, ou mesmo de caneta bic né? Mas hoje um apertar de botão resolve nosso problema rapidinho.
Pensando nisso tudo ao invés de mandar email, eu vou te escrever e enviar a carta, mas lamento não abro mão do digitar. Mesmo porque aqui tem corretor automático e é ótimo. Uso até o papel reciclado, se não acabou...
Vou aproveitar e te contar algumas coisas, tomara que você tenha tempo pra ler. Porque o tempo voa!!

"O tempo é a moeda da vida"

Estava observando as vitrines das ruas e percebi que hoje não se vende mais roupa, sapato, aliás to tão sem roupa!!! Não ria é a pura verdade...Acho que é o mal do século.
Se vende conceito ou marca de manada, ops, marca de grupo. Você vê né nem todo mundo valoriza os trabalhos manuais, “paraqueéquevouaprender” o tal ponto ajour de bordado se a maquina chinesa faz... e olha que eu faço um milhão de coisas ao mesmo tempo, mas realmente ta tudo muito mudado. Eu olho essas vitrines lindas e cheias de glamour por onde passo, mesmo com o calor infernal que anda fazendo, o glamour continua e ai a gente segue a tal propaganda e compra o que não precisa, do tamanho que não usa, para usar onde não vai e pagar com o que não tem... eu fico embasbacada, outra palavra da minha tia, mas é verdade, a gente supre uma necessidade que nem sabia que possuía. É como ter o micro computador que veio pra resolver problemas que antes não sabíamos que teríamos. Uma coisa bem maluca essa.
Às vezes eu penso que minha alma deveria ser imoral, seria mais leve e limpa, pois o tempo voa tanto e temos que ser rápidos, dar respostas rápidas, bem estruturadas, perfeitas, perguntas ousadas, analises mercadológicas impecáveis, sínteses incríveis sobre a superficialidade da jaca. Quase um pacto demoníaco, com as forças forjadas da sociedade.
Que se dane a jaca, quero mais andar descalça e com a calça desbotada e mandar todo mundo pro raio que os parta. A imoralidade me permitiria fazer só o que realmente é importante pra minha alma, pro meu espírito evolucionar, não consigo acreditar que o mundo está perdido, eu preciso acreditar em algo, além do desvalor, do superficial, da falta de aprofundamento nas coisas, essa limpeza ética e não étnica que o mundo encara com medo e receio, pois tem que mudar as estruturas engessadas que construiu.
Claudio,
O mundo esta perdido, e eu resolvi achá-lo.
O que você acha disso?
Eu quero essa imoralidade humanamente possível, pois sei que há falta disso no tempero dos novos tempos.
"O tempo é a moeda da vida"

A imoralidade aqui não como falta de moral ou ética, como entendida pelo ser humano que le caras...rs mas sim aquela que rompe padrões sem sair por ai contando que o fez, é atingir uma maturidade de alma e não de razão, ou cérebro.
E o tempo tem passado rápido, por que o eixo da terra alinhou, porque a musica do radio parou, porque o Raul Seixas morreu, (o Renato, a Cassia, o Cazuza...)o mundo ta perdido porque falta firmeza no caráter, falta equilíbrio nos modos, falta ser mais e ter menos, mas não quero que essa carta seja algo pesado, que sou contra a matéria e tal, só penso que poderíamos equilibrar mais os mundos dentro, para que isso acontecesse fora.
Creio que é sinal dos tempos, mas minha intolerância se tornou zero com aquilo que não mais acredito e que não faz mais sentido para o que carregamos dentro da gente.
Mas olha isso tudo eu penso aqui na frente da vitrine cristalina, mas o que quero mesmo te dizer é que dentro de uma camiseta branca limpa, uma calça desbotada, um calçado confortável te convido para um café com bobagem ou bolinho (você escolhe) para gente sentar num parque e olhar nos olhos das pessoas.
O mundo não esta perdido não. Nós é que deixamos de dar atenção aos atos que nutrem essa maravilhoso Ecosistema que habitamos. E ai quando marcamos o cafezinho, pode ser chá também viu??
Pausar a vida com intenção definida é alimentar nossa alma, seja ela virtuosa ou não, infinita ou não, poderosa ou não, sábia ou em ascensão ... estamos aqui de passagem e a efemeridade ilusória, pode ser sim, completada com poesia.
Um mundo de alegrias nos espera também lá fora, quem procura acha...
"O tempo é a moeda da vida"

Te espero pro café, se não quiser responder a carta, pode ligar viu, apesar de tudo ao redor, sou adepta da tecnologia básica: 92 76.XX XX
Beijos e suaves sonhos,
Ariel ...

(Elaine Perli Bombicini)
(Foto da autora)

5 comentários:

  1. Na carta da Ariel ela cita sobre olhar nos olhos das pessoas, algo que realmente é difícil hoje em dia, digo isso por experiência própria, é mais fácil pegar o MSN ou o Orkut de alguém do que desenrolar uma conversa pessoalmente, a tecnologia distância as pessoas.
    “O tempo é a moeda da vida”
    Se o tempo é a moeda da vida estamos todos em crise! Infelizmente viramos escravos do relógio como dizia meu professor de sociologia.
    É Ariel o mundo ta perdido de tanta informação desnecessária, infelizmente eu recebi poucas cartas até hoje, mas me lembro de uma que era perfumada, nossa acho isso top de linha.
    Uma observação muito importante é a questão das nossas vestimentas atuais, hoje se vende a marca e não a vestimenta em si, tudo é voltado à marca e marca é status, muitas pessoas podem te julgar só pelo que você veste isso é o fim do mundo mesmo, compramos o que não precisamos, a mídia comanda até a roupa de baixo que vestimos isso é incrível. ¬¬
    Acho que todos nós temos uma alma imoral que é só colocar em prática, eu mesmo, quando chove e não está tão frio eu saio e tomo banho de chuva com meu irmão, a gente fica brincando de lutinha, nossa é muito bom, meus vizinhos nem me vê direito pois quase nunca saio de casa, mas choveu e a chuva ta boa eu to lá fora, os meus vizinhos acham que eu so meio retardado, eu não to nem ai, acho que isso é comum, mas pras pessoas isso chega a ser imoral.
    O convite ta de pé vamos marcar pra tomar um café ou um chá pode escolher eu gosto dos dois, e fica a dica do banho de chuva que purifica a alma.
    Agradeço a atenção, bjão Ariel!!!!

    ResponderExcluir
  2. Ariel, vc escreveu sobre cartas com decalques e escrita a mão, e eu lembrei que quando pequena minha mãe gastou uma nota preta num curso com dez cadernos de caligrafia, rs. Dinheiro mal empregado?! Pois uso os meus dotes caligráficos só para gastar mais dinheiro, assinando folhas de cheques e comprovantes do cartão de crédito. QUE IRONIA.
    Querida, você colocou tão bem esse mundo louco, efêmero, onde o que artificial reina, onde desfilamos marcas e conceitos. Trabalhamos como propagandistas e ainda pagamos caro por isso!

    ResponderExcluir
  3. Claudio e Barbara ...
    continuo achando que vamos ter ...rs veja a imposição...rs vamos ter!!!! que tomar café ou chá juntos e proponho que levem seus impermeáveis... pois as vezes chove no parque!
    mas isso nao nos impediria de marcar a alma na chuva ou a chuva na alma, uma questao de angulo e eu uso um guarda chuva rosa para ser localizada, mas que faço questao de fechar assim que nos avistarmos...

    beijares e abraçares, Ariel.

    PS - podemos fazer um pic nic e convidar os outros heróis do grupo para celebrarmos a era pós moderna da nossa forma!

    ResponderExcluir
  4. Elaine escreve e assina o texto enviado ao também real colega Claudio.
    Sua resposta ao desafio de escrever uma carta que abordasse elementos da pós modernidade foi estruturada com base na questão do tempo. A autora compara diferentes épocas, diferentes modos de vida. Compara valores, costumes, sem a ingênua nostalgia do que já passou, mas também sem poupar críticas ao momento presente.
    Elaine consegue equilibrar saudade e reflexão, se recusa a fechar completamente as questões. Se antes era bom receber cartas em caligrafia caprichada, hoje o correio pode muito bem entregar uma carta digitada e a sensação será tão boa quanto. Critica-se a moda e a escravidão a ela, mas não se perde a capacidade de continuar almejando a alma imoral, indiferente a tendências e a pressões externas.
    Ao mesmo tempo (olha ele aí de novo), Elaine traduz o volume de informações pós-moderno no próprio tamanho da carta. São vários temas, várias abordagens, um grande desabafo que termina por não se concluir, mas ultrapassar a própria carta e estender-se num convite pra um café, porque o assunto não tem fim.
    Para concluir (porque isso não é uma carta), a foto escolhida pela autora denuncia que o tema perpassa mesmo suas observações diárias. Quem a conhece sabe de seu olhar atento para o mundo e as pessoas, das reflexões autênticas registradas na imagem e na carta.

    ResponderExcluir
  5. Oi Adélia,
    obrigado pelo coment!
    Deixar as questões em aberto, para quem me conhece é realmente a forma de manter um certo ritmo no contato, para que sempre se tenha pauta, diálogo é uma das poucas coisas que defendo com a vida!
    Mas como diz o competente e estudioso Mestre Abreu, "o tempo é a moeda da vida", se a gente nao tem tempo, a gente o faz, o convite pro café fica em aberto..

    saludos, beijares e grandes abraçares, Elaine

    ResponderExcluir