terça-feira, 25 de maio de 2010

Minha amiga, vamos pensar no assunto





Santo André, 18 de abril de 2010.

Minha amiga, estamos vivendo em uma época pós moderna em que algumas coisas fazem sentido e outras dão medo. É um período em que a indústria cultural bombardeia o homem com extrema velocidade, gerando um processo contínuo e fragmentado de emissão de informações que refletem-se na produção poética.

Numa era de simulacros em que a reprodução atingiu um altíssimo grau de eficiência e velocidade, o teatro é uma das poucas manifestações artísticas que ainda mantém sua aura. Pois o teatro só existe no momento de sua realização sendo impossível reproduzi-lo mecanicamente.

Você já viu um menino digital do século 21? Ele não sabe como viver, mas tem vários brinquedos. O computador está educando-o enquanto a mãe se vicia em algum entorpecente. Nunca foi ao teatro e diz que não gosta, mas se ele não tivesse um pai workaholic, ele iria e adoraria. Mas os pais fazem as crianças brincarem com brinquedos que não os fazem exercitar, levando-nos a viver em uma sociedade gorda e sedentária.

A correria do dia-a-dia faz com que a gente faça muitas coisas ao mesmo tempo e se alimente muito mal. O fast food está facilmente disponível, relativamente barato, a maioria de povos o encontra saboroso para se encher e podem ser comprados rapidamente.

Este fascínio inteiro com o rápido, o rápido, mais rapidamente está impactando a qualidade da vida humana de uma forma negativa. Esta é a parte que dá medo. Vamos pensar no assunto e outro dia eu te escrevo de novo.

Abraços

(Daniela Bezerra)
(A imagem foi escolhida pela autora da carta)

2 comentários:

  1. Esta é mais uma carta escrita a partir do estudo da pós-modernidade.
    Daniela cria um texto digitado e o endereça a uma "amiga". Ao final, assina, a caneta, um nome ininteligível.
    Ficcionados remetente e destinatária, a autora aborda assuntos diversos como arte, cultura, educação, alimentação, alienação, qualidade de vida. O que se tem é uma espécie de radiografia do tempo presente, ressaltados os aspectos mais assustadores.

    ResponderExcluir
  2. Dani, sua carta é curta e rápida, porém impactante. Muitas informações e o vocabulário pós moderno, ativa a memória às nossas discussões de sala. Uma síntese dolorida, em especial quando fala sobre o ser infante na carta. Tristes tempos exigem mudança... Urgente!
    saludos,
    Elaine

    ResponderExcluir