Santo André, 18 de abril de 2010.
Minha amiga, estamos vivendo em uma época pós moderna em que algumas coisas fazem sentido e outras dão medo. É um período em que a indústria cultural bombardeia o homem com extrema velocidade, gerando um processo contínuo e fragmentado de emissão de informações que refletem-se na produção poética.
Numa era de simulacros em que a reprodução atingiu um altíssimo grau de eficiência e velocidade, o teatro é uma das poucas manifestações artísticas que ainda mantém sua aura. Pois o teatro só existe no momento de sua realização sendo impossível reproduzi-lo mecanicamente.
Você já viu um menino digital do século 21? Ele não sabe como viver, mas tem vários brinquedos. O computador está educando-o enquanto a mãe se vicia em algum entorpecente. Nunca foi ao teatro e diz que não gosta, mas se ele não tivesse um pai workaholic, ele iria e adoraria. Mas os pais fazem as crianças brincarem com brinquedos que não os fazem exercitar, levando-nos a viver em uma sociedade gorda e sedentária.
A correria do dia-a-dia faz com que a gente faça muitas coisas ao mesmo tempo e se alimente muito mal. O fast food está facilmente disponível, relativamente barato, a maioria de povos o encontra saboroso para se encher e podem ser comprados rapidamente.
Este fascínio inteiro com o rápido, o rápido, mais rapidamente está impactando a qualidade da vida humana de uma forma negativa. Esta é a parte que dá medo. Vamos pensar no assunto e outro dia eu te escrevo de novo.
Abraços
Abraços
(Daniela Bezerra)
(A imagem foi escolhida pela autora da carta)
Esta é mais uma carta escrita a partir do estudo da pós-modernidade.
ResponderExcluirDaniela cria um texto digitado e o endereça a uma "amiga". Ao final, assina, a caneta, um nome ininteligível.
Ficcionados remetente e destinatária, a autora aborda assuntos diversos como arte, cultura, educação, alimentação, alienação, qualidade de vida. O que se tem é uma espécie de radiografia do tempo presente, ressaltados os aspectos mais assustadores.
Dani, sua carta é curta e rápida, porém impactante. Muitas informações e o vocabulário pós moderno, ativa a memória às nossas discussões de sala. Uma síntese dolorida, em especial quando fala sobre o ser infante na carta. Tristes tempos exigem mudança... Urgente!
ResponderExcluirsaludos,
Elaine