terça-feira, 15 de junho de 2010

Fragmento Bruto



Devido à falta de tempo para sistematizar o que você havia me comunicado, atrasei a resposta alguns segundos, eu diria que não estou nesse mundo, porém venho dizer-lhe sobre a tal máquina que tanto está te causando problemas.
A sugestão é: conduza-a de tal modo que ela possa produzir seu intelecto cada vez melhor, mais rápido e com eficiência. Para isso alimente-a de 6 em 6 horas no mínimo, se não o fizer pode apresentar quase a inutilidade. Apague-a durante 8 horas, mantenha sua temperatura por volta dos 36 graus, portanto não o esquente, conserve em lugar agradável, se por ventura passar dos 36 graus algo pode estar errado e precisa ser anatomicamente revisado, analisado, e corrigido, para isso existem arquivos que os mesmos escreveram. Sem menor dúvida você deve ter acesso. Em casos graves não o abra sem tomar as medidas seguras cabíveis, pois o produto poderá estragar.
Não grite nem o agrade muito, poderá entrar em estado de irritação ou relaxamento, respectivamente, levando a resultados indesejáveis como a improdutibilidade. Quanto a pergunta que você havia me feito cuide com mais cautela do que está no ápice do corpo, onde em alguns pode haver pelugem.
Conduza-a em seu proveito, para isso use da comunicação para produzir esperança, poder e controle, mas em medidas controladíssimas. Eles sentem comoção, que traz consigo certa fragilidade incontrolável, varia de gênero para gênero. É contaminável. Medidas profiláticas: não os deixe muito perto, junto, próximo.
São autodestrutíveis.
Os gêneros podem se atrair ou repelir sem regra definida.
São propensos à conflitos físicos ou racionais, corte.
Não há devolução em caso de defeitos mais complexos. Alguns saem fora da linha de produção, esses destrua. Como identificar: à definir, na dúvida, destrua.
Não se deixe guiar pelo que pronunciam.
Eles são desagradáveis e perecíveis.

Ass: fragmento do bruto.

(Caroline Cunha Duarte)

4 comentários:

  1. um brinde às decisões de Mauser!!

    Caro fragmento do bruto, voce descreve algo tão intenso, que me lembrou de um texto:

    "(...) Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra.Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher" Genesis.


    E naõ mandou o manual de instruções!!

    Cito apenas pelo prazer de visualizar os atributos contrastantes.

    Caro fragmento, conforme li teu texto me lembrava das imagens de um jogo do ps3 que é incrivelmente bem feito e que cada vez que jogava sentia vontade de destruir cada um dos personagens que apareciam.
    Comento na tentativa de me humanizar, pois
    meu lado obscuro e sombrio, se identifica com trechos! me fez recordar obviamente pela foto também, o filme de minha geração Blade Runner, onde até hoje tenho dúvidas sobre ser a nossa herança, uma genética de robos bioeletroquimicos postos nos paraíso por um decuido do cientista de plantao...mas com um humor ácido, talvez por estar com o ph alterado e por ter que ficar na Terra para ensinar os tais robos a como se comportar...já que não vieram com manual de instrução exposto, só embutido.
    Caro fragmento, será que voce nao é esse cientista??
    Ainda bem que deixou expostas as instruções aqui no virtual, pois na celulose, um certo BK ou BR, poderia ter confundido com a grama...(uma alusao ao texto da Barbara) rs

    Fragmento do Bruto, apesar de tentar amenizar o impacto causado pela leitura de seu texto com certa ludicidade, te aplaudo!
    A intensidade do texto, o ritmo das palavras, a sonoridade inequívoca causada por frases curtas e penetrantes, a escolha de certos termos impactantes e a linha íntegra do pensamento quase brutal, demonstram a lucidez da análise sobre o tema humanoidemachine.


    .................................................


    Caroline, uma delicadeza de nome a confrontar com o Bruto do fragmento, incontestável o susto poético que seu texto me deu!

    Afinal, quem somos? o que somos? o que viemos fazer aqui? e qual é o nosso propósito em estar?

    Um texto que seria considerado herege em outras épocas!

    Hoje, sabores para nosso paladar ávido de vivencias e experimentos!

    Saudações poéticas,

    Elaine

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  2. Esse post atende à primeira proposta feita no Ciclo: escrever uma carta com conteúdo que reflita a temática pós-moderna, e enviá-la pelo correio para um dos colegas.
    Não por acaso essa carta da Carolina (assinada Fragmento do Bruto) chega agora ao blog. Bem no momento em que refletimos sobre homens e máquinas.

    A ilustração remete ao filme Blade Runner (1982) do norte-americano Ridley Scott, que considerei dialogar diretamente com o texto da Carol.
    Perto do final do filme, que trata, bem grosso modo, da trajetória de um detetive “humano” contratado para caçar andróides rebeldes, Deckard, o detetive, se vê prestes a liquidar Batty. A perseguição acontece e, a certa altura, é Deckard quem fica à beira da morte e passa a sentir no corpo e na alma a agonia vivida pelos andróides perseguidos.
    Na foto vemos a despedida do andróide Batty. Ele diz:

    _ “Eu vi coisas que vocês não acreditariam. Naves de ataque em chamas perto da costa de Orion. Vi a luz do farol cintilar no escuro na Comporta Tannhauser. Todos estes momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva. Hora de morrer."

    O robô alcançara a apreciação estética, a emoção diante da beleza, enquanto os humanos sobreviviam feito máquinas na terra, insensíveis pela circunstâncias.

    Lembremos que Batty salva Deckard da morte antes de partir. Ele precisava dessa experiência.

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  3. Carol! Arrasou menina! E olha, que essa sua idéia dá pano pra manga, gola, bolsos e afins!
    Essa organismo que está se "maquinizando" cada dia mais me assusta tanto. Porque? Oras, eu percebo que entro neste jogo, ou melhor, nesta engrenagem e de vez em quando me vejo espremida entre os dentes de alguma roldana.

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  4. Caroline Cunha Duarte, que beleza que você fez.
    Estou cheio de orgulho. Seu texto me emocionou, me deixou perplexo e pensativo.

    Mas não adoramos ser essas máquinas? Não adoramos sermos controladores e ao mesmo tempo controlados? Não fazemos tudo igual e de modo repetido? Sim!

    Parabéns pelo seu texto minha amiga. Mais uma vez você merece meus aplausos.

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