quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pós-carta





frase do dia mantenha-se aberto
existe algo maior do que você percebe
que está acontecendo aqui Iyanla Vanzant

sinto que o mês presente me assassina
sinto que o mês presente me assassina
sinto que o mês presente me assassina
sinto que o mês presente me assassina
sinto que o mês presente me assassina
sinto que o mês presente me assassina
me assassina
me assassina
me assassina
me assassina
me assassina

hoje saio para conhecer Mario Faustino caiu-me um poema seu no colo
e decidi partir
decido

Marisa é nome de tua mãe não conheço ninguém com esse nome

sinto que o mês presente me

tosse
eu venho de ônibus né meu bem

voz fora da cena
ao desembaraçar cuidado com o vão
entre o trem e a plataforma
continuo
mas alguém espia sentado no banco
ao lado para ver o
conteúdo desta carta

frase do minuto a colheita é comum mas o capinar é sozinho Guimarães Rosa

antiontem
Antiontem é é isso mesmo
ontem
pausa
antes de ontem

sinto que o mês presente
sinto que o mês presente
sinto que o mês presente
sinto que o mês presente
sinto que o mês presente
sinto que o mês presente
mês presente
mês presente
mês presente
mês presente
mês presente

sorte de hoje
a pontualidade é a virtude dos entediados mas se você
for a uma entrevista de emprego não se atrase

aqui é a estação da Luz
?
a dor sumiu
tem água com o indicador e se cair lá morre eletrocutado
olhou para ele
olhou para mim Boa sorte Boa sorte amanhã
acabei de entrar
Acabei de entrar no Acho que estou aqui quando
chegar eu te ____________________________________________________________vou perder o sinal
ao leitor coloque aqui as palavras que quiser

túnel

e sobre o vazio
Ele esta em todo o lugar hoje em dia, neste dia, o vazio e um medo
quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
vazio
grito por Gertrude
Gertrude
responde um sino
Gertrude
responde um sino
vazio até a borda de vazio
vazio pós-moderno

quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
quando vejo uma trilha de formigas pela calçada me dá um medo de que Deus
exista
citação

há no coração de cada homem um vazio que tem a forma de Deus Blaise Pascal

uma carta
em capítulos
uma carta em cenas
de teatro
não
uma carta

sinto que o
sinto que
sinto que
sinto que
sinto que
sinto que

a Cracolândia
quando chega a policia é gente
correndo em volta do quarteirão que nem rato
dormindo na merda
triste gente se acostuma

pós-vazio

vazio

horóscopo de hoje
as coisas começarão a fluir mais naturalmente
e também muito mais rapidamente do que em outros momentos
é importante que você esteja atento às oportunidades mas que
seja também responsável e maduro fase que estimula a ousadia a
inovação a autonomia e o aprimoramento pessoal

cheguei à casa de Mario Faustino
O Homem e sua Hora 1955 único
livro publicado em vida está na minha posse ele há de escrever seu
nome nele ele há de riscar e corrigir palavras modificar
sentidos tudo pela sua própria mão e meu livro será ainda
mais meu não será o mesmo livro nem serei eu e
nenhum poeta será o mesmo a cada hora do dia

4 Horas de blackout para a próxima cena

horóscopo de amanhã
veja a previsão de amanhã a partir das 18h



Adriano “Galego” Geraldo
29052010

2 comentários:

  1. A criação da pós-carta do Adriano lembre o poema "Quadrilha", do Drummond:
    A poeta Dalila teles Veras publicou em seu blog um poema do Mário Faustino. Li e indiquei pro Adriano, que leu e se identificou, indo em busca do livro do poeta e criando essa espécie de tributo a ele. O acaso também colaborou na medida em que a formatação original, enviada por e-mail, não foi possível no blog. Comentando o fato com o autor, ele recomendou que eu deixasse o acaso participar da nova formatação.
    O resultado de todas essas instâncias é esse belo e inspirado texto.

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  2. " está na minha posse ele há de escrever seu
    nome nele ele há de riscar e corrigir palavras modificar
    sentidos tudo pela sua própria mão e meu livro será ainda
    mais meu não será o mesmo livro nem serei eu e
    nenhum poeta será o mesmo a cada hora do dia"

    destaco esse trecho final pois me lembrou algo que nao consigo identificar. Parece que como se uma apropriação devida de e das leituras e estudos que fazemos, originam.

    Essa predominancia da necessidade em expressar pelo que somos tomados, onde texto literário e poético, inter(e)agem com o "texto dito teatral", mesclam, se contagiam e se transformam.

    Sinto que estamos como numa subida de um degrau, estamos estudando exatamente na hora que o sol se põe, na depressão sentida do dia pelo luto que enfrentaremos na noite: a escrita teatral em mutação
    somos a nova genética??
    só o tempo, se é que ele existe, dirá?

    ou ainda me lembro que hoje nao escrevi

    nada quase... um todo de vazios.

    meu horóscopo digital cita: nenhum poeta será o mesmo a cada hora do dia.

    e eu me permito.
    ...............................................
    saludos,
    Elaine

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