terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cuido-me bem


Um turbilhão. Meu ser é um turbilhão de imagens. Imagens que saltam aos olhos, coloridas, fragmentadas... E penso que todas estas coisas - os narizes, os vermelhos, as espirais no tempo - me dizem de como gosto de ser quem sou.

Adoro música: “se você disser que eu desafino, amor, saiba que isto em mim provoca imensa dor”... adoro viajar: “sou tímido espalhafatoso, torre traçada por Gaudí”... mesmo que nunca consiga sair do lugar em que moro. Viajo em outras paradas, viajo em outras artes. Me divirto, sem medo de ser. “Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minhas risadas”... É isto! Não quero brincar com a dúvida de não ser. Tudo é muito mais leve.

Ás vezes: correria, velocidade, um certo tumulto. Mas também, como não ser isto assim nos dias de hoje? Mas arrumo um olhar caído de cachorro pidão e vou seguindo. Aproveito tudo, cada minuto, cada segundo.

Tantos, tantos fragmentos, pedaços inteiros que se completam em mim. Beijos molhados: “love, love, love”. Ser pleno saboreando um doce gostoso, daquele sabor de fruta tirada do pé. A vida é doce. Ser pleno saboreando quem sou. Sem agonia, sem forçar nada. E sigo assim, como um coração que cantarola: “pra nunca perder esse riso largo e essa simpatia estampada no rosto”...

Cuido-me bem.


(Solange Dias escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Noemi)


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Às vezes parece uma menina

tem medo de palhaço

Violência

Não deseja a ninguém,

Jogo de raciocínio

Como xadrez

Nem em sonho

Acha que vai enfartar.


Adora a cor rosa

E quer um carro rosa,

“Odeia” mamão

não é nada saudável,

“Adora” tudo que é doce

Sorvete, bolo, chocolate

A faz delirar


Literatura, música e arte

Liberta-a de um mundo mau,

Um mundo triste

Que por diversas vezes

Sem escolhas,

Mas que há esperança

Quase foi esquecido!

Gosta de animais

Pizzas e carne branca

Itens que foram para o final

Para darem um contraste.


(E este é o retrato em 3ª pessoa feito pela própria Noemi)


Um comentário:

  1. o gosto e o desgosto, da palavra ao fragmento, do fragmento ao texto, do texto às novas imagens!
    Paridades que caminham juntas, mas que com a nova visibilidade se tornaram material afetivo, humano, sensibilizador! Cuido-me bem também!!

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