Arte feita por crianças, a partir de apreciação de obras de Sandra Cinto. Fonte:
(Num espaço público)
A. Credo, o que houve com essa menina. Peraí que te dou uma mãozinha...
B. Bolhas de sabaãão ao. (Engasgada) Deus, ai vem outro (ruído intenso de jorro). Vomitei muito...aff
A. Muito é pouco e pouco é azul. Nunca vi nada igual. Estica um punhado de folhas de papel.
B. O pior é que não passou de brincadeira. Nem bêbada estou... mas acho que foi o fígado.
A. Fígado... o pior dos malestares minha filha. Vamos limpar isso tudo, quase estragou seu vestido, vamos limpar tudo, tudo, tudo, tudo... todos os quadradinhos, cada um de uma cor, e tudo combinado, tão lindo!
B. É patchwork, eu quem fiz, estudo moda sabe? Algo diferente, arrojado (limpando a boca)
A. Na minha terra filha,isso ai é colcha de retalhos! A gente juntava todos os pedaços que sobravam dos panos e costurávamos, mas agora isso é longe ...um passado. Pontinhos bem apertados, juntando nossas historias. Que nem hoje.
B. Ah to tão enjoada, com tanta dor de cabeça; Acho que não tenho nem como voltar pra casa. Poxa você é bem bacana, quem diria que alguém aqui me ajudaria.
A. Limpando o vestido: isso faz parte da vida minha filha. Agora senta e respira fundo, fecha os olhos, vai respirando assim e conta até dez... isso vai ver que tudo ficará melhor.
B. Poxa é verdade...tá passando... Viu tia, muito fofa sua ajuda!
(como que despertando ouve o celular. Abre os olhos e vê tudo vazio ao redor. Atende o celular)
B. Puta que pariu! Que tinha nisso que você me deu? Cara...nunca mais, to alucinando até agora. Vem me pegar. (desliga)
B. Quadradinhos, pontinhos, alinhavo, como era mesmo a idéia? Azulejos brancos? tinha azul no seu nome? Unindo ou ligando?
(A situação acima foi criada por Elaine Perli Bombicini. Trata-se de uma primeira versão, baseada em nossa apreciação da obra da artista Sandra Cinto, apresentada na postagem "Sem título - obra de referência"..
Outras versões serão escritas a partir de sugestões e análises feitas neste blog pelos colegas e outros interessados)
eu gostei da dinâmica dos diálogos. li em voz alta e achei bem interessante. daí fiquei tentando estabelecer uma conexão do texto todo com as duas falas do final. mesmo que fosse uma conexão meio absurda. porque primeiro havia duas mulheres conversando, e depois elas "desapareceram". então era um sonho? era efeito de alguma coisa em alguém? um pequeno "e se": e se vc desenvolvesse um pouquinho mais essa questão? o texto está bem legal...
ResponderExcluirOi Carla!
ResponderExcluirobrigado pelo retorno e pelo "e se"...eu tenho essa vontade mesmo de retrabalhar nesse sentido, esse algo meio absurdo, e gosto de deixar essas coisas no ar. Mas como havia excpandido muito antes, resolvi encolher nessa versão 2.
mas nada impede que numa versão 3 isso fique mais explicitado. Valeu!!
Achei muito interessante a forma que a Elaine caracterizou os personagens na sua própria maneira de falar, é possível perceber a diferença de idade e de universos em palavras como "malestares" ou a forma que tratam do trabalho manual (retalhos/ patchwork). Acho que esse é um caminho para ser explorado ainda mais.
ResponderExcluirGalego
Galego...
ResponderExcluiro que nos falta é tempo...rsrs
Vou explorar e procurar manter esse cuidado nos diálogos. Nesse caso em especial foi pensado assim mesmo!
Esse é o objetivo, tento com que cada personagem seja único no Universo dele.
Camadas...palavras... e assim caminhammos. Valeu pelo coment.
bjs.
Elaine
Oi Elaine,
ResponderExcluirE se os diálogos fossem mais condensados, revelando mais do que falando?
A ultima fala me pareceu de outra pessoa, e se realmente no final ela se revelasse outra pessoa, talvez mais cruel, ou mais adolescente, ou mais... frágil... o que quiser.
Achei muito pertinentes todas as colocações acima. Concordo com o jeito de falar que o Adriano falou e também com o "e se..." da Carla.
ResponderExcluirEssa coisa do sonho, da ilusão ou devaneio, ficou muito forte no texto, até porque a última fala está bem desligada da realidade e é falada pela própria personagem B (adolescente), como se a personagem A tivesse desaparecido (puf!) no nada. Me lembra algo de milagre, de uma ajudinha de alguma entidade mágica, ou de uma avó que ela não conheceu que fosse sua protetora. Posso estar viajando, mas foi o que me pareceu.
Oi Andreia! condesar..tai um grande exercício! É algo pra se pensar. Vou juntar no caldeirão. Preciso retirar umas camadas dessa história, acho que tem mais a ser revelado. Valeu pelo coment.
ResponderExcluirBeijos
Elaine
Carina!
ResponderExcluirNada como dividir e compartilhar para somar e aprender... nunca havia pensado nessa coisa do mistério místico!
Boa sacada. Eu não tinha visto mesmo...rs para mim, ainda era a coisa da viagem mesmo, alguém que abusou de algo "azul" rsr e alucinou. Poderia ser mais louco ainda, se tomasse um vermelhinho e as portas da Matrix iam ficar girando e nao só abrindo...rs Mas com essa visão posso caminhar por outras escolhas e aproveitar todos os "e ses.." aqui sugeridos!
Valeu pela retirada de véu.
Beijares e abraçares, Elaine
Uma alucinação. Foi esta impressão que tive. E como todo sonho parte de nossas próprias mentes falo um e se: E se o conflito, seja pelo nome dado ao trabalho manual com os retalhos, fosse desenvolvido entre o alucinado e a alucinação, tangendo a questão de ser idéias de uma mesma pessoa? Acho que dá "retalho pra manga".
ResponderExcluirBárbara
Baby!!
ResponderExcluirto aqui espremendo o raciocínio...adorei o "e se..." estou pondo no caldeirão e vou pensar no assunto. Acho que dá umas duas mangas e meia de retalhinhos... rs Obrigada pela idéia.
Essas alucinações estão me perseguindo, uma delas tem Beyus explicando como alinhavar os conceitos azul e azulejos...
menina!!!
valeu!! Beijos, Elaine
Gosto da ideia de opostos complementares, de liga de mulheres, de faces da moeda.
ResponderExcluirDialogando com os comentários anteriores:
- no sentido do mistério: e se a mulher aparecesse somente depois da situação (vômito) instalada? Sem aviso do tipo "ela está passando mal, vou ajudar"
- o final está estranho, pois parece um pouco deus ex-machina, ou a solução "foi um sonho", "foi um delírio". Com o passar dos anos venho percebendo que todos os encontros são possíveis, na realidade!
Não preciso, necessariamente, saber o que a moça ingeriu, e se ingeriu. Tenho o fato: fígado/vômito/ajuda/relação. O que fazer com essa equação? É isso que importa, é esse o foco (inclusive da proposta).
Como está o foco está mais no mal estar e no motivo dele do que no que pode resultar do encontro entre duas mulheres, ou de uma mulher consigo mesma, ou, ou, ou..............
Oi, Lan. Desculpe a demora em comentar, a velha questão do tempo curto para tantas coisas grandes... como esta, por exemplo. Mas, vamos lá...
ResponderExcluirSabe o que mais curti no seu texto? Me pareceu que você conseguiu unir as imagens poéticas (que sempre são tão evidentes em seus textos), com uma base que as sustente, com uma situação clara, com personagens bem desenhados (apesar de saber que ainda eles estão em processo de construção). Será que isto não se aproxima da tal visibilidade tão perseguida? Concordo com a quebra abrupta do final, porém acho que é só forma que precisa ser melhor encaixada, porque manter o mistério que está por detrás deste encontro (afinal,quem é o personagem A?), combina com o todo, com o desenrolar dos assuntos, os retalhos, as cores...
O "se" só pode ser: que tal dar continuidade?
Beijinhos