(Sandra Cinto, "Sem título" - 2004, pigmento sobre chapa de mdf pintada, 65,8x159,5x0,8cm)
HOMEM – Daqui dá para ver o sol vermelho caindo sobre a cidade. Pena que quando ele se esconde, o céu se torne tão sombrio.
MULHER – Devia colocar uma grade de proteção. Uma criança pode cair desta altura. É perigoso, viu!
HOMEM – Eu sei, mas acho um pecado... Prefiro esta janela aberta.
MULHER – Você já viu a cozinha?
HOMEM – Não, não vi.
MULHER – Ah... sua esposa vai adorar! Se bem que para cozinhar só para mim acho grande demais.
HOMEM – Poderia colocar aqui uma poltrona confortável. Depois do jantar me sentaria um pouco e apreciaria o céu estrelado. Adoro as estrelas, sabe. Elas tem um brilho mágico.
MULHER – Deve dar para ver o playground e a churrasqueira desta janela...
HOMEM – Não.
(breve silêncio)
MULHER – Não vai ver os outros quartos?
HOMEM – Se eu pudesse, comprava esta janela para mim.
(A situação acima foi criada pela Carina Freitas. Trata-se de uma primeira versão, baseada em nossa apreciação da obra da artista Sandra Cinto, apresentada na postagem "Sem título" - obra de referência).
Outras versões serão escritas a partir de sugestões e análises feitas neste blog pelos colegas e outros interessados)
Carina, gosto daquilo que me parece ser um jogo de opostos.É quase um diálogo de surdos. E se se acirrar, pintar com tintas mais fortes o contraste, a contraposição entre os dois? Por acaso neste momento estou ouvindo "Comptine D'un Autre Été" do filme "O Fabuloso destino de Amélie Poulain", e relendo seu texto, parece que vejo este homem na janela...
ResponderExcluirSol
o apartamento, que me remete a uma sensação de limitação, devido ao espaço físico, aqui está colocado, em alguns trechos, como algo que me deu a sensação de liberdade.
ResponderExcluircada um no seu mundo. o racional tentando falar com o emocional, sem conseguir estabelecer um vínculo. parece isso. dá pra continuar, ir pra muitos lugares com essa cena. isso é muito bom. estrelamento?
ResponderExcluirSobre estrelas...achei pertinente a colocação da Sol, e os coments da Carla. Dá pra ir muito longe, sem sair de perto.
ResponderExcluirUm daqueles textos deleites.
não tenho "e se..." só quero mais. Vou pensar um tantinho mais e se conseguir te trago algo, mas acho que o caminho já foi escolhido.
beijokas, Lan
Gosto muito desse estilo de escrita. Sinto no texto mais um conto do que um texto teatral. Acho que partir para o fantástico ou realismo fantástico seria interessante. Acho que ele deveria comprar essa janela!
ResponderExcluirDá vontade de sentar no sofá ao lado desse homem. Parece me que se o estado interno desses personagens fossem mais explorado nos aproximaríamos mais deles.E se ele não conseguisse cumprir suas tarefas práticas, ficasse no sonho ou memória ou na contemplação e ela se preocupasse só com a prática?
ResponderExcluirCarina, gostei muito! Pra mim é simbólico e tão humano! Vejo um apartamento pequeno com uma janela enorme! Claro, eu também fico com a janela! Uma gaiola com a portinhola aberta que guarda um pássaro machucado que não pode voar! Um SE, você continuasse contando um pouco mais da história deste homem? rs.
ResponderExcluirOs personagens estão bem delineados, a situação também.
ResponderExcluirCompra e venda.
O que sou capaz de fazer para conseguir vender ou comprar uma aparente impossibilidade?
E se esta fosse a última chance dessa vendedora e o último desejo desse homem? Que acordo fazer para fechar negócio?
Tenho a impressão de que funcionaria como metáfora pras nossas ambições e também pros nossos sonhos aparentemente impossíveis. Como conciliar?