(Foto: Adélia Nicolete)
- Para de falar merda e me dá isso aqui.
- Você não vai conseguir montar.
- Ontem a Lúcia me ligou.
- Pro outro lado.
- Me disse que ta com saudade e não sabe como eu ainda te suporto. Ai que troço chato!
- Porque você não manda à merda¿
- Manda você! É seu!
- É mentira, né?!...Da Lúcia?...Ah!!!Consegui montar o verde!!!!
- Mentira!!! Ai que droga!
- Você é idiota? Tudo que você coloca a mão você estraga!
- Me dá um abraço...?
Luiz Sacilotto - Estruturação com elementos iguais - essmalte sobre madeira - 40 x 73 cm - 1953
Tátila...
ResponderExcluirO seu texto é que está mais próxima da propôs da Adélia. É um realmente um fragmento, que dá a clara noção do que se trata ali naquela conversa, a meu ver quase adolescente, onde tudo pode ser entendido e esclarecido ao leitor, a partir do que este venha a imaginar os antecedentes da ação – e dá para imaginar muita coisa, mesmo -, e o depois; o que virá a partir daquele abraço. Gosto deste jeito fragmentado que o seu texto apresenta. Arrisco-me a dizer que se trata de um autêntico texto Cubista! Adorei!
Tatila...
ResponderExcluiradorei o diálogo: leve, juvenil, inocente. Inocente? nem tanto.
A principio me dá a idéia de um simples dialogo entre jovens que parecem estar montando um daqueles cubos coloridos enquanto falam de uma suposta ligação de uma ex namorada ou algo parecido. Achei engraçado porque, cada vez que releio o texto, tento imaginar 2 pessoas diferentes (as vezes duas garotas, as vezes dois homens, as vezes um casal de irmãos, dois orfãos, etc, etc, etc). E em todas essas hipóteses que criei o texto se encaixa perfeitamente e dá uma realidade e uma atmosfera totalmente diferente á cada cena. fantástico. Os diálogos são gostosos de ler, reler, e reler. E o tal objeto que uma das personagens conseguiu "montar o verde", pode ser tantas coisas...
Me recordo ao ler o texto, das aulas de desenho de observação e da palavra Gestalt. Observar a Gestalt de determinado objeto consiste em capturar um fragmento do todo e transpo-lo para o papel. Essa é a maneira mais objetiva que encontrei de explicitar o que sinto nessa leitura. Um fragmento de infinitas possibilidades textuais oferecidas pelas palavras de Tátila.
ResponderExcluirEsse texto não tem rubrica alguma e é tão fácil de entender. Vejo inúmeras possibilidades de encenação e o diálogo, até um tanto intimista, revela as ações e até emoções das personagens.
ResponderExcluirPenso que eles estão montando um “cubo mágico”, o que pra mim tem tudo a ver com a obra observada, cubista.
Gosto como a autora intercala os diálogos... frases banais da brincadeira misturadas com o sentimento das personagens.
O final é tão singelo e fica aquela espera do restante da história. Acho que a Tátila conseguiu perfeitamente colocar no papel aquele lance do “bonde andando”.
Que delícia perceber os vários momentos em que as personagens mudam de assunto, enquanto praticam a mesma ação. A relação de intimidade entre os dois, apesar de estar envolvida por certa impaciência, carrega também carinho e sinceridade. Poucas linhas, mas profundas entrelinhas... Todas capazes de imprimir uma nova relação (amorosa, acredito eu). Todas tem a função de informar, transmitir, comunicar, convencer e nos conquistar de uma maneira muito gostosa... Fui contagiada pelo ritmo, li os sentimentos e emoções, vi os movimentos, os olhares e o silêncio. Acredito que a autora tenha mesmo conseguido conquistar seu objetivo. Criar, e brincar com minha mente como se fosse o objeto da ação. Sorri ao lê-lo.
ResponderExcluirSó para registrar uma dúvida? Por que DESPRAZER" se o texto me trouxe tanto prazer?
É perfeitamente claro o trabalho de entrelaçamento de assuntos neste diálogo. As falas são construídas obedecendo menos à necessidade de um discurso, mas a compreensão de um movimento do diálogo. Esse entrelaçamento de assuntos aparece de forma cuidadosamente organizada dando a possibilidade de esclarecimento maior quando for passada para cena.
ResponderExcluirÉ perfeitamente cabível a sobreposição dos assuntos: a relação dos personagens no desafio de montar o bloco mágico e o fato da ligação de um personagem externo (Lúcia). Nada é explicitamente desenvolvido em termos de informações maciças, porém os diálogos estão construídos de uma forma a dar pistas e informações sobre a situação e os personagens.
A última frase quebra o ritmo do texto o que provoca um estranhamento interessante que amplia as possibilidades de encenação.
Tátila
ResponderExcluirObservei na sua cena uma dramaturgia completamente aberta que possibilita uma infinidade de encenações.
Não há nenhuma indicação de rubrica. Entretanto, há uma visualidade incrível nas suas falas, que até é possível imaginar os dois personagens montando o cubo mágico.
Existe uma teatralidade intensa no seu texto e as frases curtas com períodos simples favorecem a um ritmo ágil, remetendo a uma espécie de jogo que transpõe a temática e chega à estrutura do diálogo.
Tenho apenas uma observação com relação ao seu texto: não compreendi muito bem a relação da Lúcia com os dois personagens, foi intencional ela ter aparecido como um assunto corriqueiro e menos importante que o cubo mágico?
Meninas (azê e mônica)em relação ao título e a presença da Lúcia foram pedaços da forma que achei de inserir a frase que foi sorteada para mim: "Um quadrado que se desfez da forma para chamar a atenção".Isso faz parte da minha dramaturgia pessoal, pois acredito que alguém que traz uma relação(seja ela qual for) passada e ainda usa palavras desagradáveis como escrevi na frase que cito a Lúcia, está causando um imenso desprazer: há outras formas para chamar a atenção!!! na verdade ela não passa como um assunto corriqueiro, citar a Lúcia incomoda um dos lados, e alçança o objetivo do outro que é provocar ciúmes: mais uma forma de chamar a atenção, além de destruir tudo que toca.
ResponderExcluirEnrolei mais???ou ficou claro??
Amo esse dois.
ResponderExcluirImagino adolescentes, mas pode ser o que quiser, porque a autora deixa em aberto a encenação.
É gostoso de ler, é curto, dinâmico, tem uma sonoridade gostosa de ouvir, um diálogo rápido, tom de brincadeira e seriedade de vez em quando, dá o tom de jovialidade desse casal.
Nos transporta para a cena, cabe ao encenador como será feito, existe mil maneiras...
Tátila!
ResponderExcluirLinda!
Para minha interpretação literária você não enrolou em nada... Vejo a Lúcia como uma personagem importantissíma... Compreendo o ciúmes e tudo o mais que ela representa (ou poderia representar) como um vulcão em erupção... Aliás, sem querer "me achar", acredito ter entendido tudo!
Só perguntei para você, por que escolheu o título "Desprazer?"
E que fique claro: (-PARA A MINHA PESSOA, com história, sentimentos, anseios e mágoas) A viagem do texto é muito prazeirosa... Inclusive o conflito adorável da cena... Parabéns!
Tátila
ResponderExcluirGostei, super dinâmico,essa entrelinhas que vai oferecendo ao telespectador a entrar no ritimo do texto,e dando as pistas como se fosse um jogo,onde torna-se muito mais divertido e prazeroso ao mesmo tempo.
Diálogo simples, leve e de fácil entendimento, foi direto ao assunto, frases curtas que dá liberdade ao ator fazer um jogo cênico dinâmico.
ResponderExcluirO diálogo também da a ideia de dois irmãos adolescentes que brigam e competem entre si e uma curiosidade tremenda do que virá depois do abraço. O encenador terá várias possiblidades de criar a cena e o que virá depois do abraço.
Tati, querida,
ResponderExcluirseu texto já foi bastante comentado pelos colegas, principalmente devido à relação que podemos fazer entre ele e os nossos estudos sobre o diálogo no teatro contemporâneo. Mas vou me permitir reunir (e repetir...) alguns desses apontamos aqui, a fim de deixá-los registrados.
Nesse diálogo, podemos notar, por exemplo:
a indeterminação dos sujeitos: não há definição exata de quantos saõ os emissiores de fala, seus nomes, se são homens ou mulheres, se são adultos ou crianças, nem que tipo de relação eles tem – se amigos, familiares, namorados, etc
a intercalação de assuntos: como na fala normal entre as pessoas, os assuntos não são estanques, ou seja, não terminamos um para começar outro, segyindo uma pauta. A conversa natural interpõe os temas, vai e volta, é interrompida pela açao ou determinada por ela, exatamente como no seu texto
coloquialidade: não há uma “teatralização” da fala, no sentido de um uma formalidade descolada do dia a dia. Ao contrário, você transpõe para a cena quase uma conversa roubada. Quase como se você ficasse sentada na escultura do Sacilotto e “pescasse” conversas que, para um ouvinte desconhecido, pareceria absurda
superficialidade que tenta encobrir uma camada mais profunda e visceral da relação, ou seja, por debaixo do jogo, há (ou pode haver, dependendo da encenação) um rio caudaloso de conflitos, insatisfações, competições outras, apenas disfarçado de uma discussão boba
Outro ponto que quero destacar é o seu uso da frase sorteada para ser inserida no texto. Sua frase foi “Um quadrado que se desfez da forma para chamar atenção”. Como podemos observar, a maneira com você trabalhou a colaboração do colega não foi literal. Você tratou de encontrar uma equivalência concreta, um cubo mágico – cubo de brinquedo, articulável, com uma face de cada cor – e propô-lo como objeto de cena e um dos motores do diálogo. Está aí uma maneira inteligente de absorver a contribuição do outro. Inteligência que está em ultrapassar a utilização na fala e partir para a visibilidade concreta.
Sua participação ao longo do ateliê foi de uma progressão notável. E, como a da Mariana, culmina nesse texto que sintetiza muitos dos elementos discutidos em nossas aulas de Dramaturgia.
Beijão, Tati.
Olá Azê, tudo bem?
ResponderExcluirFaço parte de um projeto do Museu Brasileiro de Escultura, o MuBE Virtual.
Para conhecimento, o MuBE Virtual é uma ferramenta cujo objetivo é montar um banco de dados das esculturas do país. Por meio de um site colaborativo, qualquer pessoa pode cadastrar imagens e informações da arte tridimensional em espaços públicos. Da mesma maneira, qualquer pessoa pode ter acesso a esse material e conhecer mais sobre a produção artística instalada nas ruas, praças e parques brasileiros. Hoje, o site conta com um acervo com cerca de 500 esculturas, mas ainda falta muito.
Estamos tentando cadastrar a obra Concreção 005 de Sacilotto, mas não possuímos nenhuma imagem dela. Gostaria de saber se posso utilizar livremente as fotos de Concreção que estão postadas aqui, com os devidos créditos a sua autoria.
Aproveito a oportunidade para convidar a você a a todos que visitam o blog, visivelmente preocupados com a preservação do patrimônio artístico, para conhecer a iniciativa: www.mubevirtual.com.br
Obrigada! Aguardo retorno.
Luna Rosa Lopes
Equipe MuBE Virtual
info@mubevirtual.com.br
(11) 3326 2700 - ramal 104
Retificando... Adélia.
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