segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Texto de Rafaela A. M. de Souza





Este texto é uma contribuição espontânea da Rafaela, inspirado em nossa observação sensível da obra de Luiz Sacilotto e seu entorno.




1. O que você quer comigo?  Não foi a mesma que me mandou embora!

2. Sinto sua falta... Porém quando me lembro de tudo que aconteceu, a merda de vida que você vive hoje, não me arrependo de nada!

1. Você é louca se hoje sou o que sou é tudo por sua causa! Eu sinto ódio de você! Some da minha frente agora...

2. É cada ato tem a suas consequências, e você teve o que mereceu, escolheu trocar-me por uma simples obra de arte, se é que posso nomear assim.

1. Sempre amei a arte e não deixaria por nada neste mundo! Lembra a frase que não me cansava de dizer? Essa:
- Obras de arte não são notadas porque não estão em destaque: elas ficam inseridas num contexto urbano tão poluído visualmente que perdem sua força.

2. Contexto, poluição é algo que você vem vivendo hoje, na merda! Essa arte te levou a ser um lixo, desabrigado, alguém que nem as crianças possam ter compaixão, você nunca me deu atenção, sempre buscou essa força que lhe trouxe simplesmente a fraqueza...

1. Você é uma tola não sabe mesmo o que diz!

2. Posso até ser uma tola, louca o que achar melhor, mas sempre te amei de verdade, por isso arranquei você da minha vida.

1- Se me amasse de verdade não me jogaria nas ruas, cresceríamos juntos, mas não fez então some daqui. (Gritando)

2-Só vim pra dizer que estou grávida e infelizmente você é o pai. (Pausa e choro)

1. O que? Está louca! O lixo e desabrigado conseguiu lhe presentear com a melhor das artes que possa existir!

2. Não vejo como o melhor vindo de você! Mas sei que agora preciso do pai do meu filho...





4 comentários:

  1. Conseguí imaginar a cena através de seu texto e pude sentir no início que fica um 'mistério' no ar, pois nao sabemos o porque da pesonagem 2 ter tanta raiva e despejar tanto rancor na personagem 1, mas depois as falas vão nos revelando a situação, o problema e o ápice quando a personagem 2 revela estar grávida e quão grande é a surpresa quando a personagem 1 diz: " O lixo e desabrigado conseguiu lhe presentear com a melhor das artes que possa existir!".

    Gostei muito do texto, só acredito que o texto precisa de 1 correção e 1 alteração:
    - as rubrícas devem vir antes da fala (como por exemplo no dialogo onde você escreveu "gritando" no final da frase. Essa indicação deveria vir antes da fala para que o leitor ja "leia mentalmente" com a intenção de grito

    - quando você faz o uso da frase (que foi dada por mim no exercicio, né?) achei estranho a forma como ela é dita no contexto da cena. O diálogo da cena é essa: "Sempre amei a arte e não deixaria por nada neste mundo! Lembra a frase que não me cansava de dizer? Essa:- Obras de arte não são notadas porque não estão em destaque: elas ficam inseridas num contexto urbano tão poluído visualmente que perdem sua força".

    Talvez a frase que deveria ser usada obrigatoriamente no exercicio poderia ser inserida no dialogo num outro contexto. Talvez até mesmo pela personagem 2, quem sabe?

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  2. Rafaela

    Acho que neste exercício você conseguiu atingir a proposta de diálogo como havíamos sugerido. Achei muito interessante a temática do seu texto: um apaixonado pela arte que perde de vista sua mulher em função desta paixão.
    Através desta indicação, podemos observar duas alegorias que propõem diferentes leituras ao mesmo texto: a visão do amante da arte e o olhar da mulher apaixonada.
    Entretanto, acredito que você poderia não ter fechado tanto o seu texto. O diálogo poderia ser um pouco mais aberto, o que possibilitaria uma maior “intervenção” por parte do espectador.
    Ainda sobre estes personagens, gostaria de comentar algumas questões que observei. Os dois personagens oscilam entre utilizar variante culta e coloquial: foi proposital esta oscilação? Qual foi a sua intenção com a utilização deste tipo de linguagem?
    Percebi que o emprego da variante culta em alguns momentos propõe uma quebra de ritmo ao seu texto, o que proporciona certo “ruído” fazendo com que algumas falas pareçam artificiais: “... escolheu trocar-me por uma simples obra de arte.”; “Você é uma tola...”; “... se é que posso nomear assim.”; entre outras.
    Você precisa avaliar o que pretende com este tipo de linguagem, caso queira proporcionar esta quebra de ritmo, perfeito. Mas, se esta não foi sua intenção, seria interessante que optasse por falas mais coloquiais, pois, desta maneira, o texto ganharia um ritmo mais ágil e o diálogo perderia seu caráter artificial (este artificialismo dá ao seu texto, em alguns momentos, um ar um tanto quanto melodramático).
    O final deu ao seu texto ares de melodrama, foi intencional? Senão, talvez fosse interessante que você concentrasse a discussão dos dois personagens nesta relação mal resolvida, neste acerto de contas.

    Obs.: Tive algumas dúvidas ao ler o seu texto e por isso reescrevi alguns trechos (principalmente em função do uso de alguns sinais de pontuação). Avalie se esta reescrita te ajuda.

    1. Não foi você que me mandou embora!
    2. Porém, quando me lembro de tudo que aconteceu e a merda de vida que você hoje, não me arrependo de nada!
    3. Você é louca, se hoje sou o que sou é por tua causa!
    4. Some da minha frente, agora!
    5. È, cada ato tem sua consequência e você teve o que mereceu. Escolheu...
    6. Você é que vive na poluição! Nesta merda!
    7. Você é uma tola, não sabe o que diz!
    8. Posso até ser uma tola, uma louca, o que achar melhor... Mas te amei de verdade, por isso arranquei você da minha vida!
    9. Se me amasse de verdade, não me jogaria na rua. Cresceríamos juntos!
    10. Só vim pra dizer que estou grávida e, infelizmente, você é o pai.

    Trechos que não compreendi o que você quis dizer:

     Contexto, poluição é algo que você vem vivendo hoje, na merda! Essa arte te levou a ser um lixo, desabrigado, alguém que nem as crianças possam ter compaixão, você nunca me deu atenção, sempre buscou essa força que lhe trouxe simplesmente a fraqueza...
    Reescrita
    Arte, contexto urbano poluído? Você tem é que pensar nesta merda que você vive hoje! Desabrigado, morando no meio do lixo! Nem as crianças tem pena de você! (Pausa) (Triste) Você nunca me deu atenção... sempre buscou força naquilo que só te trouxe fraqueza!

     O que? Está louca! O lixo e desabrigado conseguiu lhe presentear com a melhor das artes que possa existir!
    Reescrita

    O que? Está louca? O desabrigado! O lixo! (Pausa) Conseguiu te presentear com a melhor obra de arte que já existiu?

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  3. Gosto quando vc numera as falas, me faz até pensar em usar isso em cena com alguém falando os números das falas. e criar novas falas misturando as perguntas e respostas, ou só falar as falas 1 e depois só as 2. Entendo o que você expõe com seus personagens, mas E SE hehe, você deixa-se o texto mais quebrado, com outras resposta, daria uma outra dinâmica em seu texto e transmitiria um certo caus.

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  4. Rafaela
    Ao ler o texto a impressão de raiva, rancor e abandono é muito nítida.
    No início do texto achei um pouco confuso, devido à pontuação, porém lendo com mais atenção percebi a intensidade das emoções citadas acima.
    Gostei do diálogo, deixou um ar de “e agora, será que eles se resolvem ou se separam de vez?”
    A frase “poluição é algo que você vem vivendo hoje...” você foi a fundo à observação da obra do Sacilotto que está tão poluída e transportou para as más atitudes do ser humano, como a falta de respeito por si e pelo próximo.
    Achei que o dialogo ficou redundante e poderia expandir um pouco mais. Ou não, se a sua intenção foi essa.
    Este texto me motivou a enxergar as artes da cidade com outro olhar.

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