terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Texto de Juliana Flamínio


Iberê Camargo - Estrutura em movimento 5 - 1962 - água tinta


Era fim de tarde quando aquela mulher saiu correndo da biblioteca gritando por socorro.
Uma grande confusão começou no interior do prédio e era possível ver a fumaça que começava a sair pelas janelas.
O caos tomou conta da rua e o trânsito virou uma desordem total. Pessoas choravam e gritavam.
O fogo se espalhou rapidamente e quando os bombeiros chegaram já era praticamente impossível entrar.
Foi quando ele viu, em meio a fogo e brasa, a silhueta de uma criança, ali perto da porta de entrada.
Aquele bombeiro entrou, e assim como a criança, nunca mais saiu.



(Na postagem intitulada "Festa", você encontra a obra de Iberê Camargo que inspirou este texto de Juliana.
A proposta era que os participantes criassem um breve relato de experiência, ficcional, com base nas análises da tela feitas pelo grupo)




Segunda versão:



Naquele fim de tarde quando ouvi gritos de socorro, pressenti que aquele dia não acabaria como os de costume.
Vi pessoas correndo e chorando pelas ruas... Dava pra sentir o cheiro da fumaça.
Da janela do meu escritório vi quando os bombeiros chegaram, mas já era praticamente impossível entrar no prédio da biblioteca que ardia em chamas.
Quando todos achavam que não havia mais nada a ser feito, um dos bombeiros correu em direção à porta de entrada. Ele entrou e por alguns segundos tudo pareceu ficar em câmera lenta, meu coração se encheu de esperança, mas só dava pra ouvir os estalos da madeira queimando.
Já se passaram muitos meses, todo prédio foi reformado, mas sempre que olho pela janela recordo a imagem daquele homem indo em direção ao fogo.
Dizem que ele tinha visto uma criança.




2 comentários:

  1. É mais teatral a primeira versão, diria até que cinematográfica.
    A segunda versão lembro-me que foi pedida como parte do exercício,mas, pra mim a 1ª já estava completa. Tanto que a sensação que senti não foi a mesma pra 2ª versão, que pra mim é superficial, embora esteja em 1ª pessoa.

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  2. Oi Juliana,

    a primiera versão me impacta, e a segunda me lembra histórias que lia quando menor, crônicas do cotidiano.
    Não tenho um "e se", gosto do que li, porém em relação a segunda poderia certamente ampliar literariamente, criando novos personagens, como uma história da dor coletiva, que geram os incidentes fatais como esse.
    Um abraçao, Elaine

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