sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Texto de Miriam Dias de Oliveira




 Iberê Camargo - Outono no Parque Redenção I - 1968 - Óleo sobre tela


Chegando em casa no final do dia, no aconchego de uma música e dos meus pensamentos, me deparo com o caos e a confusão na favela onde moro.

Ao ver aquela cena, a solidão pairava no ar. O que aconteceu não sei. Havia indícios de um assassinato. Na parede havia uma inscrição, sinalizando o autor da desordem, essa foi a impressão que eu tinha. O cheiro de sangue ainda pairava no ar, muitas portas entreabertas.

No calor das minhas emoções, só senti a dor desse mundo cruel eme questionei: que perspectiva podemos ter neste caos urbano?







(A tela Estrutura de objetos de Iberê Camargo, publicada na postagem "Festa" deste blog, foi analisada pelo grupo e, a partir dos comentários, Miriam escreveu este relato)




Segunda versão





Chegando em casa no final do dia, desconfiei que algo de errado estava acontecendo naquelas ruas, um silêncio sepulcral e de medo invadia as ruas da favela. Senti medo também e comecei a subir o morro com um olhar atento, coração acelerado e passos largos. Não sei o que ocorreu, mas as suspeitas eram evidentes que algum assassinato ocorrera por ali. Arrepiei-me inteira, meu coração apertou, não quis pensar o pior, só subir o morro mais rápido possível.

A cada passo eu via portas fechadas, meu coração acelerava e apertava mais ainda, o medo invadia meu corpo e minhas pernas estavam pesadas e parecia que meu barraco nunca chegava e eu fugia dos piores pensamentos. Minhas lagrimas desciam involuntariamente e já estava ficando sem ar. Chegando perto do meu barraco o cheiro de sangue ficava mais forte, meu corpo desfalecido esperando o pior, e eu pensava: preferia morrer logo ali a ver o pior.
Dei um, grito de horror quando vi um símbolo da morte na parede do meu barraco e não tive dúvida, coração de mãe não se engana. “mataram meus filhos!!!”

Comecei chorar desesperadamente, mas encontrei forças para entrar, fechei a porta, estava tudo escuro, ainda bem, eu não queria ver e nem sofrer mais do que estava sofrendo.

Fui até a pia, peguei uma faca e chorando compulsivamente pedi perdão a Deus por este ato, pois minha vida não tinha mais sentido.

Quando dei meu último suspiro, para cravar a faca no meu coração, escutei!

Mamãe!




Terceira versão


Chegando em casa no final do dia, desconfiei que algo de errado estava acontecendo naquelas ruas, um silêncio de medo que invadia as ruas da favela. Senti medo também e comecei a subir o morro com um olhar atento, coração acelerado e passos largos. Não sei o que ocorreu, mas as suspeitas eram evidentes, algum assassinato ocorrera por ali. Arrepiei-me inteira, meu coração apertou, não quis pensar o pior, só subir o morro mais rápido possível.

A cada passo eu via portas fechadas, meu coração acelerava e apertava mais ainda, o medo invadia meu corpo e minhas pernas estavam pesadas e parecia que meu barraco nunca chegava e eu fugia dos piores pensamentos. Minhas lágrimas desciam involuntariamente e já estava ficando sem ar. Chegando perto do meu barraco o cheiro de sangue ficava mais forte, meu corpo quase desfalecido esperando o pior, e eu pensava: preferia morrer logo ali a ver o pior.
Dei um, grito de horror quando vi o símbolo da morte na parede do meu barraco, não tive dúvida, coração de mãe não se engana. “mataram meu filho!!!”

Comecei chorar desesperadamente, mas encontrei forças para entrar, fechei a porta, estava tudo escuro, ainda bem, eu não queria ver e nem sofrer mais do que estava sofrendo.

Fui até a pia, peguei uma faca e chorando compulsivamente pedi perdão a Deus por este ato, pois minha vida não tinha mais sentido.

Quando dei meu último suspiro, para cravar a faça no meu coração, escutei!

Mamãe!


2 comentários:

  1. Ótimo, que evolução! Bem melhor, porém, (sempre tem um porém).
    Na frase "Dei um, grito de horror...", esta vírgula é desnecessária, se puder tirá-la, ficará ainda melhor, sem pausa.

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  2. Miriam, na terceira versão o ritmo da escrita favoreceu a visualização da cena, um texto que tem força para vir a ser, o teu esforço foi premiado. Abraçao, Elaine

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